Em Uberlândia, a Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG – tem cumprido a sua missão de fortalecer valores nacionais. Organizou um seminário no qual estiveram presentes coronéis e generais da Escola Superior de Guerra, finalizado com duas palestras do General Luiz Eduardo Rocha Paiva, professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e colaborador do Centro de Estudos Estratégicos do Exército.
Vivemos um contexto no qual se visualiza pouca luz no fim do túnel: o País passando pela maior crise de sua história, uma eleição em que os governos gozam de baixa confiança por parte da população. A menos de uma semana do pleito, os candidatos, até agora, tanto no plano federal como no estadual, não têm conseguido motivar o eleitor. Ao mesmo tempo, esta eleição representa a possibilidade de termos um País diferente nos próximos quatros anos.
General Paiva – tivemos oportunidade não apenas de ouvir suas palestras, mas de participar de conversas descontraídas, acompanhá-lo em uma visita ao principal clube da cidade e um almoço – nos mostrou ser uma pessoa ímpar, idealista, humana e muito preocupada com o futuro do Brasil. Tivemos a liberdade de dizer que ele está fazendo o papel de profeta, ou seja, fazendo um diagnóstico mundial desfavorável no campo político e na área da defesa, mas, simultaneamente, mostrando a situação geopolítica das nações, sua importância e também que é essencial cultivarmos princípios, valores e hierarquia que sustentam a família e norteiam todos os setores da vida de um país. E que as ideologias são a pior coisa na política, fato que está acontecendo no Brasil.
O general mencionou que, no curto prazo, não temos ameaças iminentes em relação à defesa nacional, no campo militar, mas sim no político, em face das pressões internacionais a que tem se submetido o país, particularmente nas questões indígena e de meio ambiente. São ameaças potenciais à exploração soberana de nosso patrimônio. A situação poderá se agravar no futuro, pois temos riquezas nas “Amazônias Verde e Azul”, que são vitais às potências globais. A corrida armamentista nunca parou… O palestrante destacou que não há necessidade de sermos uma potência bélica igual às maiores do mundo, mas sim de criarmos condições de ter recursos nesta área, proporcionais à grandeza do País no contexto internacional, que possibilitem dissuadir conflitos bélicos futuros, os quais rondam todos os países. Porque, se o problema se agravar, haverá ameaças militares, como tem acontecido ao longo da história das nações.
Uma preocupação chegou a nós, nascida do próprio tema, “Geopolítica Mundial” (tratado com muita competência por Rocha Paiva), porque esse é um item que deveria fazer parte da agenda dos políticos, dos setores produtivos e da academia. Sim, pois, em um mundo globalizado, onde a interdependência cresceu em razão da internet de forma que ninguém previa, não há como fazer o planejamento estratégico de qualquer setor sem o conhecimento geopolítico. As vitórias em todos os campos sempre privilegiaram os que conhecem o jogo do poder. E o jogo entre países nem sempre segue a ética absoluta.
O general comentou que, em um país, se o Estado ficar ausente em áreas importantes, houver baixa integração interna, servilismo nas relações exteriores e vazios no poder em regiões ricas ou de importância estratégica militar, há risco de instabilidade e de ameaças. É necessário ter cuidado com esses fatos. Ele colocou de forma enfática que não temos de fato uma democracia de fato, pois o Estado cerceia o empreendedorismo individual, exerce ingerência excessiva nas decisões que deveriam ser dos cidadãos e muitas leis carecem de legitimidade, assim relativizando a justiça, que não é igual para todos. No entanto, destacou que o brasileiro é muito patriota, valor que garante o futuro da nação e que nos norteou a sempre acreditar no País. Devemos continuar acreditando.
Hélio Mendes
Professor e consultor de Planejamento Estratégico e Gestão nas áreas privada e públicaCEPE 1983 www.institutolatino.com.br