POLÍTICA & NEGÓCIOS
TECNOLOGIA VERSUS GESTÃO
Com Helio Mendes
Quem atua nas corporações desde antes da era da internet tem percebido o crescimento e os grandes benefícios das ferramentas na área de Tecnologia de Informação. Mas isso não tem acontecido na mesma velocidade na área de gestão do capital intelectual. Tal descompasso também acontecia antes, nos anos 1980. Um dos principais consultores europeus, John Humble, já mencionava em seus livros que a maioria das empresas se preocupava muito com o aspecto físico, o financeiro, mas poucas em adotar um modelo de gestão.
Estudo recente realizado pela ProPay S.A. concluiu que 85% dos profissionais de RH não desempenham atividades estratégicas, ou seja, limitam a sua participação aos planejamentos operacional e tático, o que ilustra bem as nossas afirmações. Algo que precisa mudar.
Temos as empresas multinacionais trazendo para o Brasil, com sucesso, alguns modelos. Entretanto, poucas nacionais dão o devido valor ao tema. As escolas de negócios tratam a gestão do capital intelectual superficialmente em algumas disciplinas, até porque o currículo não exige isso. Nota-se que as melhores tentam, mas ainda deixam a desejar. Em vários cursos correlatos, esse assunto aparece com carga horária mínima, apesar da importância da Administração na atuação dos profissionais em todas as áreas.
O estudo da Administração de forma científica começou com Taylor, Fayol, Weber e Ford na linha de produção, considerados inovadores no seu tempo, mas o foco não era nas pessoas. Para as que vieram em seguida, como Escola de Relações Humanas e Estruturalista, apesar do rótulo, o ser humano ainda não foi a prioridade. Mas é triste verificarmos que um século depois, com toda a evolução tecnológica, para a maioria das organizações as pessoas ainda são consideradas recursos, apenas insumos de um sistema.
Os principais gurus da Administração preconizavam até pouco tempo que teríamos no século XXI um modelo de organização diferente. De fato está acontecendo, a era da economia das coisas, um mundo mais globalizado, mas não muito para as pessoas. Já vivemos basicamente 20% do novo século e a maioria das empresas investe pouco nos seus funcionários, com exceção das esportivas, que, para um jogo de noventa minutos, promovem treinos de 100 horas por semana e oferecem toda a estrutura, da alimentação à parte psicológica, e avaliação de rendimento em tempo real.
Nos planejamentos de longo prazo, que poucas fazem, um dos pontos fracos internos das empresas geralmente é a área de Recursos Humanos. Na nossa avaliação, deveria ser sempre o ponto forte. Acreditamos e temos alertado que, se queremos mudar – e nunca foi tão importante mudar como agora –, temos que começar a colocar as pessoas em primeiro lugar. Não de forma paternalista, é necessário ter competência, ser produtivo, ser avaliado por mérito, estar alinhado com a missão e a visão da empresa. Não é um ato filantrópico, mas de sobrevivência no mundo contemporâneo, até para as empresas sem fins lucrativos.
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DEUS NO COMANDO DE TUDO!