INFRAERO: UMA NOVA JORNADA – PARTE II
Por Aluízio Torrecillas, com colaboração de alguns empregados da Estatal.
A SAÍDA DOS MILITARES E O INÍCIO DA CRISE
A virada do século encontrou uma INFRAERO de malas prontas para a mudança: saem os fardados e entram os engravatados, liderados pelo primeiro presidente civil, recém-saído do BNDES. Os novos executivos reestruturam a estatal, eliminando funções e reposicionando a missão da empresa com foco empresarial; enxugam o quadro de pessoal e promovem o primeiro programa de incentivo à aposentadoria. Saem os pioneiros e uma nova safra de funcionários assumem funções em todos os escalões, dando início a um novo ciclo.
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Enfraquecida com a saída dos “falcões” e sem liderança expressiva, a empresa dá seus primeiros passos na direção da política partidária e cai na malha, o famoso “toma lá, dá cá”, perdendo o foco e o contato com as mudanças externas e internas, que já sinalizavam a demanda cada vez maior por modernização e investimentos nos terminais que recebiam um número crescente de passageiros a cada ano.
Com a crescente interferência político-partidária, algumas funções executivas foram loteadas e o que menos passou a contar foi a sobrevivência da empresa e o futuro de seus empregados, alguns deles aproveitando o contato com políticos para conquistar promoções na hierarquia funcional.
A década foi marcada por duas tragédias na aviação, a queda de um avião comercial provocada por uma colisão com uma aeronave executiva enlutou a comunidade aeroportuária em 2006, sendo seguida de outra tragédia no ano seguinte, desta vez no Aeroporto de Congonhas. No primeiro acidente, embora ocorrido sobre a floresta amazônica, a empresa, que nada tinha a ver com o caso, evocou considerações e possibilidades, atraindo para si mesma uma atenção negativa que ficou conhecida como “caos aéreo”. No segundo acidente, falta de objetividade e rapidez ao lidar com a crise, reforçou a ideia de que a empresa estava sem rumo, acelerando o desgaste da imagem institucional. A INFRAERO seguiu, cada vez menos superavitária e cada vez menos simpática aos olhos da sociedade cada vez mais crítica que demandava a concessão dos aeroportos à iniciativa privada.
Pontos positivos também marcaram o período, como a implantação da Ouvidoria da INFRAERO, um canal democrático e isento que serviu de termômetro para acompanhar a temperatura de todos os públicos relacionados ao sistema de aviação civil, com especial atenção ao público interno, que pode manifestar suas críticas, sugestões, elogios e até denúncias sobre os serviços aeroportuários e a gestão da empresa. A empresa, por meio da Ouvidoria, conquistou por dois anos consecutivos (2006 e 2007) e ainda no ano de 2009 o Prêmio Excelência em Atendimento ao Cliente na categoria Serviço Público Federal.
A disputa dos empregados do quadro – os chamados orgânicos – por mais poder, não parou de crescer, fazendo valer o adágio:
“A ÁGUA QUE AFUNDA O BARCO É A QUE ESTÁ DENTRO”.
Em breve: INFRAERO: UMA NOVA JORNADA – PARTE III – Se você perdeu a Parte I, clique a seguir: https://revistadiaria.com.br/uma-nova-jornada-para-infraero-parte-i/
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