INFRAERO: UMA NOVA JORNADA – PARTE III
Por Aluízio Torrecillas, com colaboração de alguns empregados da estatal.
QUEM MAIS ARRISCOU, FOI QUEM MAIS TINHA A PERDER
A comoção causada pelo acidente em Congonhas ainda dominava o noticiário, levando aos leitores palavras que até então eram restritas ao vocabulário dos técnicos. “Grooving e “flap pinado” passaram a fazer parte das conversas. É nesse clima de verdadeiro massacre midiático que o Tenente Brigadeiro do Ar, Cleonilson Nicácio, saí do Ministério da Defesa e chega à INFRAERO para ocupar a Diretoria de Operações. Nicácio, impôs um novo ritmo aos trabalhos em andamento, sem precisar usar o poder das quatro estrelas das platinas sobre seus ombros. O líder chegou e sua autoridade e conhecimento foram imediatamente reconhecidas. Nordestino de Alagoas, poderia facilmente ser confundido com um alemão, se na Germânia estivesse.
Chegou para avaliar os estragos. Traçou seus planos e a estratégia para transformar a “INFRAERO na Petrobrás dos serviços aeroportuários”. Conheceu em detalhes as deficiências materiais e humanas de cada aeroporto que visitou, sem deixar de avaliar a potencialidade de cada um. Por onde andou viu colaboradores motivados, gente simpática e sempre disposta a fazer um pouco mais pela empresa. Também viu muitas obras paradas, uma herança maldita, resultado de contratações mal feitas e que estavam sobre investigação dos órgãos de controle. E assim transcorreu o ano de 2007, sendo que daquele momento em diante, as demandas de imprensa passaram a ser respondidas com informação de qualidade e exatidão, construindo uma ponte entre os muitos veículos de comunicação e a INFRAERO, o que não impedia críticas, mas garantia o espaço para responder a cada questionamento. No período, o presidente da estatal era um ex-deputado.
No final de 2008, Cleonilson Nicácio é nomeado presidente da Infraero e logo no início de 2009, promove o maior conjunto de mudanças desde a criação da empresa. Medidas austeras de contenção de gastos reduz o número de Superintendências Regionais de seis, para quatro, eliminando um número expressivo de funções de confiança e reduzindo a interlocução entre os executivos envolvidos na operação e administração dos aeroportos. Dispensa vários assessores que não faziam parte do quadro de funcionários da empresa (muitos desses indicados por parlamentares), além de exonerar cerca de 70 empregados do quadro do pessoal da empresa – os chamados orgânicos – que mantinham ligações muito próximas a políticos, e que os mantinham em funções comissionadas, muitos, sem a necessária competência e maturidade.
Entretanto, a tarefa mais difícil, foi modificar o estatuto da INFRAERO, estabelecendo que doravante todos os cargos executivos só fossem exercidos por empregados de carreira, o que representava uma blindagem contra tentativas futuras de voltar a aparelhar a empresa com indicações políticas.
E foi assim que naquele ano de 2009, pela primeira vez desde sua criação, tomou posse a primeira Diretoria Executiva, composta integralmente por servidores de carreira. Era o “dream team”, que se transformou em pesadelo.
Em breve: INFRAERO: UMA NOVA JORNADA – PARTE IV – Se você perdeu a Parte II, clique a seguir: https://revistadiaria.com.br/infraero-uma-nova-jornada-parte-ii/
Nicácio deixou a Infraero em agosto de 2009, prazo máximo que um militar da ativa pode ficar fora da Força. Em seguida é nomeado chefe do Estado Maior do Comando da Aeronáutica e posteriormente ministro do Supremo Tribunal Militar. No final do mesmo ano, é incluído na relação dos 100 brasileiros mais influentes de 2009, segundo a edição especial da revista Época. Em agosto deste ano, deixou o STM, após mais de 53 anos de serviço público dedicado à Força Aérea Brasileira e à Justiça Militar da União.
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