INFRAERO, UMA NOVA JORNADA – PARTE V
Por Aluizio Torrecillas, com colaboração de alguns empregados da estatal
OS SOBREVIVENTES CURAVAM AS FERIDAS, SEM SABER QUE OS PIORES GOLPES AINDA ESTAVAM POR VIR
O ano de 2011 trouxe um novo presidente para a INFRAERO, desta vez, egresso da área de liquidação de um banco oficial, prelúdio inequívoco de sua missão. Seu antecessor, de triste lembrança, sai sem deixar saudades, sendo sua partida comemorada mesmo dentre os poucos beneficiados. Um pesadelo termina e outro tem início.
A pedido de um colaborador da Revista Diária, um adendo se faz necessário: “Muitos servidores da casa maldizem o período em que o ex-senador Carlos Wilson Campos comandou a INFRAERO (2003 – 2006), dando apelidos pejorativos aos quadros externos que se juntaram à estatal, muitos deles competentes e comprometidos com os resultados. Entretanto, é verdadeiro e justo lembrar que o período trouxe diversos benefícios aos aeroportuários, de uma forma geral: 20% de aumento na tabela básica de cargos e salários, aumento do vale alimentação nos anos seguintes, diversos tipos de incentivos aos estudos agregados aos salários, promoções por merecimento e antiguidade em seus máximos, ampliação do plano de saúde aos pais do servidor, além de inibir a dispensa sem justa causa.
Ontem, revendo alguns comentários nas redes sociais, com relação ao anúncio de “extinção da estatal que administra os aeroportos brasileiros”, chama a atenção citação de servidores que pejorativamente, referiam-se a servidores colocados na empresa por políticos? como forasteiros, oportunistas, etc. A este respeito, vamos relembrar que, com a política nacional voltada para o social, ainda na gestão do ex-presidente, vários grupos de instrutores foram criados dando a vários empregados funções comissionadas, dentre estes, os que percorreram diversos aeroportos habilitando os servidores no atendimento às pessoas com alguma deficiência, fortalecendo a inclusão social e verificando o nível de acessibilidade dos terminais.
Esse “grupo” que contava com a participação de alguns servidores que agora apresentam-se como críticos, era carinhosamente chamado de” INFRATUR”, pois consumiram recursos relevantes com passagens e diárias de suas viagens pelo país, com direito a um andar interior em prédio ao lado da sede, em Brasília, cujo andar expunha um grande adesivo: “Assessores da Presidência da Infraero”. Funções de assistente eram distribuídas com generosidade a muitos, inclusive aos demais que hoje criticam, e até delegados e diretores sindicais detinham funções comissionadas, sem qualquer constrangimento.
Aeroporto de Viracopos, Campinas/SP
Em 2012 o cenário estava cada vez mais preparado para o início do desmembramento da INFRAERO, faltando apenas superar algumas divergências quanto ao modelo a ser aplicado. O primeiro lote de concessões incluiu as principais “joias da coroa”: Guarulhos, Brasília e Viracopos. O modelo adotado excluiu a INFRAERO de participação decisória sobre a gestão, mas a obrigava a arcar com 49% do investimento, uma aberração que se encontra sob investigação.
Aeroporto do Galeão já foi capa da Revista Veja em 1977
A entrega do Aeroporto Internacional de Brasília, contou inclusive com a presença da presidente da República que, juntamente com o Ministro da Aviação Civil, deram por inaugurada a era novas concessões. Era o fim dos subsídios cruzados que sustentavam a capilaridade da empresa; um golpe certeiro que mutilou os braços da orgulhosa INFRAERO. Nos anos seguintes são entregues o Galeão, Confins e Natal, sob o mesmo modelo, representando uma queda brutal nas receitas da estatal, de superavitária, passa a depender do orçamento da União para honrar seus compromissos inclusive a folha de pagamento. Sem os braços e agora sem as pernas, a empresa agonizou, levando o pânico aos milhares de servidores que vislumbram a tempestade se aproximando. A bonança é agora uma lembrança do passado.
Neste período, sucessivas reestruturações fracassam, todas penalizando aeroportos e regionais, mas poupando os amigos que estavam na sede, em Brasília. Aplicava-se a máxima: aos amigos tudo; aos indiferentes, a lei e aos inimigos, os rigores da lei. A demissão voluntária foi incentivada em seu máximo e grande parte da memória e do conhecimento da empresa sai. Já não se tem memória e os quadros mais qualificados não suportam as perseguições e picuinhas que se desenvolvem no seio da empresa, sob o olhar complacente de presidente sem carisma ou liderança.
Tudo emana da “super diretoria” (os chamados Prata da Casa) criada pelo ego e alimentada a pela vaidade de poucos.
Em 2014, contrariando as afirmações das autoridades (nunca rechaçadas pela INFRAERO), os aeroportos dão “show de bola” no atendimento às delegações que participaram da Copa do Mundo de Futebol. Mais uma vez os aeroportuários mostraram garra, determinação, espírito de equipe, comprometimento e principalmente, amor pelo que fazem. Entretanto, não obstante o sucesso e o reconhecimento das delegações estrangeiras, o desmantelamento da INFRAERO prosseguiu, não sendo interrompido sequer quando do “impeachment” da presidente da República, em 2016, assumindo seu vice e com ele as mudanças na composição partidária do primeiro escalão e seus efeitos sobre as estatais.
Assim, um novo presidente toma posse na INFRAERO, dizendo primeiro querer auscultar (ouvir com o coração), mas na realidade escondia o açoite que cantaria no lombo dos aeroportuários que ainda tinham alguma esperança.
ESTAVAM PREPARANDO UMA NOIVA A ESPERA DE UM MARIDO; OU DE VÁRIOS!
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Deus no comando de tudo!