POLÍTICA&NEGÓCIOS com Helio Mendes
INTELIGÊNCIA & EDUCAÇÃO
Não dá mais para nenhuma organização ficar sem as duas áreas que, em conjunto, dão sustentação ao planejamento de longo prazo. É o que temos preconizado e praticado nos últimos quinze anos: sem informações e uma educação à frente da prática, não há pioneiros em nenhum setor e as empresas correm o risco de não sobreviver – o que é possível provar com inúmeras publicações e cases de sucesso e insucesso. É necessário abrir os olhos para a realidade.
O caminho está em ter, como pilar do Planejamento Estratégico, uma área de Inteligência Competitiva, a fim de embasar as decisões estratégicas customizadas para cada área, e uma Escola Corporativa formando profissionais. E indo além, qualificando fornecedores e clientes, que estão ávidos por produtos ou serviços inovadores.
Para justificar essas premissas, citamos duas matérias recentes: uma, do BNDES, com o título “Visão 2035: Brasil, país desenvolvido”, na qual se destacou que não haverá desenvolvimento sem capital humano. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, 55% da população brasileira não concluíram o ensino médio, 15% dos alunos estão fora da série adequada e 78% deles têm conhecimento básico ou insuficiente em português. Esse quadro se agrava quando se vê que o Brasil ainda possui 12 milhões de analfabetos, enquanto os países desenvolvidos erradicaram a questão no século 19. Tal deficiência é responsável pela baixa produtividade nacional.
Outra matéria, um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas – FVG mostrou que o Brasil continua na lanterna na produtividade do trabalho. De acordo com o estudo, um empregado brasileiro gera, em média, US$ 16,80 por hora, o que nos coloca na 50ª posição de uma lista de 68 países. Na Alemanha, que está em quinto lugar, um trabalhador produz US$ 64,40 por hora, e suas horas no labor são, em média, 340 a menos por ano em relação ao trabalhador brasileiro.
Está se discutindo há algum tempo a indústria 4.0, realidade ainda insignificante no País. Temos pouquíssimas empresas de excelência que estejam transferindo para seus funcionários de chão de fábrica a responsabilidade de, através de jogos, gerenciar virtualmente a produção: prever, antes de produzir. Ou ainda, que estejam digitalizando a produção dos seus fornecedores, ou promovendo situações que favoreçam que eles digitalizem as suas demandas, para customizar o fornecimento – empresas dentro de empresas, cadeias produtivas não apenas verticalizando, mas buscando em grande velocidade a inovação na horizontal, interagindo com setores com os quais, durante dezenas de anos, não possuíam nenhuma relação.
Não se encontram mais equipes prontas no mercado. É necessário as empresas prepararem o seu quadro, para gerenciar não apenas o seu espaço, mas um todo. Não há mais limite externo, e muito menos barreiras internas. As informações mudam em alta velocidade e dependem de pessoas com novas habilidades. A informação e o conhecimento são o quesito básico. Infelizmente ainda prevalecem na maioria das organizações pessoas que administram para si e olhando o retrovisor, situação na qual os “melhores” utilizam a informação para se manter no cargo.