PINGA FOGO com Luiz Bittencourt
#Desleixo do Estado
O desabamento do prédio de 24 andares no centro de São Paulo, ocorrido ontem, revela o descaso com que o Estado trata o patrimônio público. O prédio já abrigou a sede da Polícia Federal e depois, por falta de finalidade, foi desativado e, ato contínuo, invadido por sem tetos, desvalorizando a propriedade e o entorno. Além de ocuparem irregularmente patrimônio da União, os invasores não foram retirados pela Prefeitura porque, pasmem, recusam transferência para albergues e exigem permanência no centro de São Paulo. Ao perder utilidade, o Estado deveria desapegar e comercializar a edificação, contribuindo para a apreciação do patrimônio. A cidade tem outros 70 prédios em similares condições e todos sabem do risco provocado por essas invasões, mas as irresponsáveis omissões da União, do Estado e do Município levam a depreciação de bens públicos e a tragédias desse tipo.
#Produtividade do trabalhador brasileiro
Em homenagem ao Dia do Trabalhador, ontem comemorado, o economista Ricardo Amorim publicou um ranking da produtividade dos trabalhadores ao redor do planeta. Além de preocupante, é ridículo o resultado do trabalhador brasileiro. Em amostra abrangendo 124 países, o Brasil está em 78º lugar, com US$ 30 mil de produtividade média do trabalhador. No topo da lista encontram-se, em 1º lugar Emirados Árabes com US$ 168 e em 9º lugar EUA com US$ 121 (4 vezes mais que o Brasil). Falta-nos tudo, desde gestão, educação, inovação, até tecnologia. Em compensação, para regozijo nacional, não somos os lanternas e suplantamos Sri Lanka, Índia e Congo, o que, convenhamos, é quase nada.
#Joaquim Barbosa, em síntese
Pré-candidato a Presidência da República, Joaquim Barbosa, apesar de ser uma incógnita e despertar curiosidade, oferece algumas sinalizações em atos passados que esboçam seu perfil. Ex-ministro do STF, Joaquim foi indicado por Lula para o STF, a quem nunca criticou e em quem votou, assim como votou em Dilma e posteriormente foi contrário a seu impeachment que classificou de “Tabajara”. É apresentado pelo PSB como novidade e como ancestral de Sérgio Moro, o que nos parece um exagero. Afrodescendente de família pobre teve como única alternativa a meritocracia. Caracteriza-se como xerife, cuja atuação no mensalão permitiu a condenação de petistas históricos, forjando uma falsa imagem de anti-petista, pois, na realidade além de fiel eleitor, entende que o PT promoveu significativos e inegáveis avanços ao Brasil. Avesso à reforma trabalhista é favorável ao sistema de cotas, defende a interferência do Estado para corrigir erros do capitalismo, mas é contrário aos Partidos Políticos com os quais terá que governar, se eleito for. Como visto na época do mensalão, é reconhecidamente irascível e autoritário, e defende o ativismo judicial, com o judiciário se sobrepondo ao Congresso Nacional. Esse é, em síntese, o retrato de um pré-candidato outsider, politicamente definido, mas ainda um enigma, principalmente no que diz respeito aos conceitos sobre economia. Por isso, procura algum renomado economista para chamar de seu.
#A velha política e o velho judiciário
Seguindo a tradição política brasileira de utilizar cargos públicos para desfrutar recursos oficiais em atos particulares, Carlos Lupi, Presidente do PDT, segundo revelou O Globo, se acomodou em cargo no gabinete do vereador do Rio de Janeiro, Daniel Martins (PDT/RJ), para acompanhar Ciro Gomes em campanha pelo país, usufruindo de viagens bancadas pelo contribuinte. A impunidade é tão confiável que tudo é feito às claras como se fosse legal, ético e moral. Já em Brasília, o STF arquivou, por prescrição, três ações penais contra Jader Barbalho por desvios de recursos da Sudam, efetuados lá nos anos 90. Nada, que não seja ilícito, funciona nesse país.
Luiz Bittencourt é Presidente da LASB Consultoria