NADA DEFINIDO PARA 2022, NO DF
Se a política é uma arte, muitos a enxergam como a arte do possível. Não seria, então, incorreto entender que para a política, nada é impossível.
Magalhães Pinto (ex-Governador do estado de Minas Gerais), por exemplo, certa vez comparou a política com as nuvens. Você olha e ela está de um jeito. Volta a olhar e ela já mudou.
Portanto, qualquer previsão do futuro, em política, é uma aventura. Sem o uso racional de informações, avaliação de comportamento humano, tendências e sinalizações, o fracasso é inevitável. A empreitada se facilita se houver informações confiáveis de bastidores, mas essa condição se restringe a pouquíssimos protagonistas.
Independente de nossos desejos, é assim que a banda toca na política.
Olhemos, por exemplo, para 2022 e as possíveis candidaturas no DF. Algumas são relativamente fáceis de prever.
A primeira diz respeito aos Senadores em meio do mandato. Senador Izalci (PSDB) e Senadora Leila do Volei (PSB) podem se candidatar ao Governo do DF, sem qualquer risco de perda de mandato. Não perdem e ainda podem ganhar.
A segunda candidatura garantida é a do Senador Reguffe (Podemos). Em fim de mandato, precisa se candidatar a qualquer cargo, para não ficar alijado do processo político. E aqui começam as especulações. Algumas informações falam em Vice-Governadoria. Outras o direcionam para a Câmara Federal e até para a Câmara Distrital, como potencial puxador de votos.
Para Governador, há a natural candidatura do Governador Ibaneis (MDB), a do Senador Izalci (PSDB), a da Senadora Leila do Volei e as especuladas candidaturas da deputada Paula Belmonte (Cidadania), de Alberto Fraga (DEM), com apoio explícito do Presidente Bolsonaro, e de Adélia Frejat, herdeira política do Dr. Jofran Frejat, respeitado político do DF.
Além disso, nada impede o surgimento de um outsider.
Especula-se, também, que em algumas composições, a deputada federal Flávia Arruda se candidataria ao Senado Federal.
Porém, surgem alguns vetores que alimentam alternativas e desequilibram possíveis acordos. Não há dúvida de que a deputada Flávia Arruda (PL) vem ganhando espaços, antes inimagináveis. Assumiu, em fevereiro, a presidência da Comissão Mista de Orçamento, do Congresso Nacional e, logo a seguir, em março, a Secretaria de Governo da Presidência da República. Angariou visibilidade disputadíssima, especialmente em época eleitoral, e cacife político para almejar até a governadoria.
Outra parlamentar do DF, Bia Kicis (PSL), inconteste defensora da PEC da bengala, conquistou enorme visibilidade ao assumir, em março, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, granjeando poder para voos mais altos (Senado ou Governadoria). Especula-se, para ela, vaga em algum tribunal.
Como se nenhuma dessas mudanças fosse relevante, há expectativa de recrudescimento, obviamente por motivos políticos, das investigações Caixa de Pandora (envolvendo o ex-Governador Arruda, marido de Flávia Arruda, e possuidor de respeitável capital político) e sobre os desvios ilícitos identificados na Secretaria de Saúde do DF, na atual gestão do Governador Ibaneis.
Movimentações de forte musculatura, como as ocorridas, criam, inevitavelmente, desarranjo na estrutura previamente articulada e o novo equilíbrio tende a se formar sob domínio da nova correlação de forças políticas.
Conclusão: nada garante que possíveis acordos, hoje vigentes, não vingarão, porém, há enorme chance de uma nova estrutura ser criada de forma completamente diferente, para atender ao novo mosaico de poder. As possibilidades estão todas em aberto.
Necessária se faz aguda atenção nas movimentações das peças no xadrez político e nas sinalizações dos atores mais relevantes. As entrelinhas são fundamentais.
O jogo das articulações políticas está a pleno vapor e as nuvens encontram-se em constante e profunda mutação, tornando completamente indefinido o cenário para 2022, no Distrito Federal.