POLÍTICA
OPINIÃO
NOITE PARA ESQUECER
Por mais que a sociedade brasileira tenha se conscientizado, tenha percebido os rumos que o país estava tomando e tenha se mobilizado para recuperar os valores do país, forças ocultas, algumas não tão ocultas assim, conspiram contra seus objetivos.
Convém lembrar de que após a Constituição de 1988, em algumas decisões colegiadas, a Suprema Corte confirmou a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância, como de resto ocorre na maioria dos países desenvolvidos.
Ontem, a Suprema Corte brasileira brindou a população com uma decisão que transformou a noite de quinta-feira em sexta-feira 13.
Por uma não muito bem explicada inflexão de 180º, alguns ministros promoveram radical revisão em seus votos e, na contramão das aspirações da sociedade, o Supremo Tribunal Federal simplesmente considerou inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância.
Com isso, jogou uma pá de cal no esforço sobre-humano que parte do judiciário, apoiado pela maioria da sociedade, imprimiu na extinção da impunidade que reinava no país.
Como consequência, assaltantes, homicidas, estupradores e os criminosos de colarinho branco, principais alvos desse julgamento, condenados pela Operação Lava Jato por desvio de recursos públicos, por lavagem de dinheiro e por formação de quadrilha, serão libertados e voltarão a conviver em sociedade com suas potenciais vítimas.
Essa estapafúrdia decisão foi tomada sob o argumento de presunção da inocência.
No Brasil, o bandido pratica um crime, mas o judiciário entende que enquanto todos os intermináveis recursos não forem julgados, o criminoso tem o direito de ser tratado como inocente, mesmo tendo sido condenado em 2 instâncias, e permanecer convivendo com suas vítimas.
Se o marginal for abastado, certamente conseguirá a prescrição da sua pena.
Não faz qualquer sentido o insistente foco do judiciário na preservação da liberdade do meliante.
E, em devastador efeito colateral, a Suprema Corte termina por condenar a Operação Lava Jato, o maior motivo de orgulho e esperança da população brasileira nos últimos trinta e quatro anos, à pena de morte, essa sim inconstitucional.
A sociedade brasileira que sinalizou, nas últimas eleições, pela recuperação moral do Estado e que apoiou incisivamente a confiável Operação Lava Jato, vê cair por terra toda a sua expectativa de um digno e seguro futuro.
Em um só julgamento, a alma de um país foi achincalhada por sua desacreditada Suprema Corte.
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