POLÍTICA & NEGÓCIOS
ARTIGO
Jorge Tadeu de Andrade
O PRESIDENTE E O CAVALO ENCILHADO
Os consecutivos mandatos na Câmara Federal, não foram suficientes para que o presidente Jair Bolsonaro entendesse que aquela, é uma casa de muitos donos e interesses escusos.
Um pequeno grupo consegue dominar e influenciar uma maioria, conhecida como “baixo clero”, grupo ao qual o próprio presidente reconheceu fazer parte ao longo dos mandatos que exerceu.
Tanto que, ele próprio, em várias oportunidades nos poucos meses de gestão, ainda acrescentava ter pertencido ao “baixíssimo clero”, fato que não o desmerece, mas também não o enaltece.
Entretanto, a História mostra que o povo põe e o povo depõe.
No caso do Brasil, felizmente um país ainda democrático, a deposição e o basta, foram manifestados nas urnas, instrumento legal e inquestionável que produz mudanças em todos os níveis governamentais, através de um processo legítimo, ordeiro e democrático.
O povo foi às urnas e manifestou seu desejo de mudança. Escolheu, como vetor dessa transformação, o candidato até então considerado com a menor possibilidade de ganhar o pleito.
Sem campanha milionária e contando apenas com apoio popular, Jair Bolsonaro foi eleito, o que não significa ter ganhado um cheque em branco para promover as necessárias mudanças sem respeitar o estrito cumprimento da Constituição Federal; ou seja, obedecendo todos os ritos legais para legitimar sua gestão e principalmente continuar consolidando a democracia.
Os primeiros reveses precisam ser contornados e superados dentro das leis.
Se alguma instituição legisla contra o povo, o pobre, a economia e o crescimento social, essa deve ser combatida na forma da lei e não através de rompantes de revolta, ódio e frustração, como apregoados por vários grupos, minoritários de direita, que imaginam que decisões radicais, ás margens das leis, podem colocar o país no rumo do desenvolvimento, retomar o crescimento e conquistar lugar de destaque na América do Sul e no mundo.
O homem está legitimamente eleito. Não cabem ameaças concretas ao exercício do mandato de Presidente da República. Essa realidade foi confirmada nas urnas eleitorais e é nas urnas que a canalhice precisa ser derrotada.
O Brasil estava tão terrivelmente abandonado que não precisou de grandes discursos, bastando apenas parecer honesto, patriótico e trabalhador.
Bastou olhar nos olhos dos milhões de brasileiros cansados da corrupção, da roubalheira, da canalhice e das atitudes dos que aparelharam o Estado brasileiro para obter lucros pessoais espúrios.
O Brasil queria acreditar que ainda seria possível recuperar o orgulho de ser brasileiro e essa esperança tomou forma na figura simples, objetiva e às vezes até grosseira de Jair Bolsonaro.
Como se diz em política, a imagem do candidato era tão boa que os que imitassem sua retória, se postes fossem, seriam eleitos ; como muitos foram.
O cenário estava montado e eis que surge o cavalo encilhado, com a faixa presidencial esperando por um candidato que aglutinasse o anseio da maioria dos brasileiros. Então, Jair Bolsonaro o montou.
Entretanto, atrás do alazão garboso e imponente, chegou uma tropa de caroneiros que nem bem tomaram posse já mudaram o discurso (alguns, até de partidos). Ao invés de somar, dividem.
O caminho é árduo, mas a vitória é certa.
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