POLÍTICA & NEGÓCIOS COM LUIZ BITTENCOURT
A VELHA E DEPLORÁVEL INDECÊNCIA POLÍTICA
Corre pelos corredores do Congresso Nacional que diversos parlamentares de agremiações partidárias, investigadas na Operação Lava Jato, articulam com o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), ele próprio envolvido em investigações com o codinome Botafogo, pautar imediatamente projeto que altera as regras de execução penal, reduzindo a punição para os crimes de colarinho branco. Obviamente que Rodrigo Maia desconversa, porém não nos surpreendamos se esse indecente projeto for aprovado até meados de dezembro. Em compensação, essa mesma casa legislativa não concede relevância/urgência para projetos de interesse do país como segurança, reforma tributária ou reforma previdenciária. Mesmo com a sinalização das urnas de que o eleitor não mais aceita os cansados e corruptos esquemas, os velhos políticos não conseguem se desvencilhar do vício.
HARMONIA ENTRE OS PODERES
De forma harmônica, como rege a Constituição, e muito bem articulada o Poder Legislativo aprovou, e o Poder Executivo sancionou, o inconveniente reajuste do Poder Judiciário. O despudor é tamanho que o Presidente do STF declarou que essa revisão “resgata a dignidade da magistratura e do Ministério Público”. Em adição, a indesejada “harmonia” se estende aos Poderes Legislativo e Executivo que almejam tratamento igualitário. O país vivendo enormes dificuldades fiscais e o cidadão recebendo, à contra gosto, a responsabilidade de bancar esse descalabro.
INESPERADA PREFERÊNCIA PARTIDÁRIA
Em que pese a composição do novo governo federal ser vendida como uma nova fórmula que isola os Partidos Políticos e potencializa as bancadas parlamentares temáticas, percebe-se que há cabulosa concentração pairando sobre as escolhas. A preferência pelo DEM, que emplacou três Ministros em importantes pastas da Esplanada (Casa Civil, Agricultura e Saúde), é uma realidade. Provavelmente, essa tendência resulta da extraordinária confiança que o futuro Ministro-Chefe da Casa Civil mereça do Presidente eleito, porém pode inviabilizar futuras articulações parlamentares. E, então, é possível que o indesejável método “toma lá, dá cá” seja convocado às pressas para assegurar o coroamento das negociações, corroendo o principal pilar do novo governo, a credibilidade. A predileção pode ser coincidência e o risco ser até calculado, mas é um risco.
MINAS GERAIS, A VITRINE DO NOVO
Partido Novo investe inteligência e expertise de seus membros para transformar o futuro governo do Estado de Minas Gerais em case de absoluto sucesso. O Partido assumiu a transição apostando no êxito de uma nova fórmula administrativa que consolidará o Partido no cenário político nacional. O desafio imediato será a renegociação da dívida de R$ 90 bilhões com a União, sob coordenação de Gustavo Franco. Apostando na meritocracia, o secretariado do Governo está sendo escolhido por amplo recrutamento, coordenado por voluntária empresa de RH. Mais uma vez, Minas Gerais larga na frente.
REFORMA DO MARACANÃ NO CAMINHO DO PEZÃO
Ministério Público denunciou Governador Pezão, do Estado do Rio de Janeiro, por improbidade administrativa na reforma do estádio do Maracanã, lá atrás na gestão de Sérgio Cabral, quando Pezão era Secretário de Obras, e pede seu afastamento do cargo de Governador. Segundo a acusação, o prejuízo aos cofres públicos foi de R$ 3 milhões e após se eleger Governador, Pezão tentou utilizar benefícios fiscais em nova obra no sistema de iluminação do estádio para escamotear o prejuízo ao erário. Para piorar sua situação, Sérgio Cabral declarou à Operação Lava Jato que Pezão tinha total autonomia para gerir as obras do estádio. Mesmo sabendo que todos eles mentem de forma exacerbada, ainda mais quando em extrema necessidade, a declaração do ex-chefe é esclarecedora.
Luiz Bittencourt. Engenheiro Metalúrgico é Master of Engineering – McGill University – Montreal/Canadá e Pós Graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Presidente da LASB Consultoria – e-mail: [email protected]
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