POLÍTICA&NEGÓCIOS COM LUIZ BITTENCOURT
# OS CAMINHONEIROS X GOVERNO E POPULAÇÃO
Atravessamos uma triste página da história contemporânea brasileira quando um setor prestador de serviços utilizou-se dos equívocos oficiais, que privilegiou o modal rodoviário e subsidiou a frota de seus caminhões, para dissimular reivindicações e, independente da aceitação do governo, parar o país ao implantar o caos nos transportes.
A lenta reação do governo revelou-se determinante para o sucesso do vandalismo e o país ficou nas mãos dos caminhoneiros. Sem o controle do processo, o governo acatou todas as solicitações dos caminhoneiros, incluindo o tabelamento do preço mínimo do frete, uma afronta à economia de mercado, e sem alternativa, se viu obrigado a priorizar o diálogo que, surpreendentemente, desconcertou a aposta no confronto engendrado pela “inteligência” infiltrada no movimento.
Não há justificativa para o não encerramento da paralisação, com todas as reivindicações atendidas, a não ser por acobertado interesse político. O fato é que os caminhoneiros decidirão o futuro da paralisação, com o governo indo a reboque.
O dano está instalado, desacelerando fortemente a recuperação econômica do país e direcionando, mais uma vez, o prejuízo para o bolso do cidadão.
O governo errou, no início, ao usar a Petrobrás para reduzir o preço do diesel, mas depois se corrigiu ao isolar a companhia do imbróglio. A empresa transita em ambiente competitivo e não pode se dar ao luxo de alterar sua política de preços para fornecer subsídios. O pleito de demissão de Pedro Parente da Presidência da Petrobrás é atestado de idoneidade e revela sua competência na higienização da empresa e na profissionalização de sua gestão.
TRÊS SINALIZAÇÕES AFLORAM DESSA IRRACIONAL E DESESPERADA TENTATIVA DE SOBREVIVÊNCIA POLÍTICA:
Não há qualquer possibilidade do país se manter dependente do modal rodoviário e deveria investir pesado nos modais ferroviário e aquaviário, criando ambiente competitivo entre os três.
Petrobrás deveria ser privatizada para competir, sem amarras nem ingerências políticas, em mercado extremamente concorrencial.
Os irresponsáveis pelo prejuízo causado ao país devem ser identificados, investigados, julgados e severamente punidos, exatamente como todos aqueles que desviarem recursos públicos.