PINGA FOGO COM LUIZ BITTENCOURT
O DESCONTO NO DIESEL
O que um governo desacreditado faz para se livrar de um movimento que o espreme nas cordas e quase o joga na lona? Tudo. As reivindicações dos caminhoneiros abrangiam diversas afrontas às regras de mercado e mesmo assim foram aceitas. Uma delas é a garantia, na bomba, do desconto de R$ 0,46 no litro do óleo diesel. Em mercado regido pela livre concorrência, essa determinação é estrambólica e de difícil operacionalização. Preço abusivo é crime, mas a definição da margem de lucro não cabe ao governo, que pode garantir a redução no preço até o diesel chegar ao posto, mas não do posto ao consumidor. Especialistas garantem que não há legislação ou órgão de controle (CADE/Procon/etc.) que obrigue o posto de gasolina a fornecer qualquer tipo de desconto. Pode-se até tabelar o preço do diesel, uma aberração em uma economia de mercado, e aí voltaríamos no tempo ao governo Sarney, com seus fiscais e a caça ao boi no pasto, mas não obrigar o posto de gasolina. Se houver desconto, será voluntário, nunca compulsório. Nem sempre a solução está no governo, incapaz de resolver todos os problemas da sociedade, mas, na maioria das vezes, na atitude dos consumidores, pessoa física ou pessoa jurídica: Teve reajuste? Não compre!
PRIVATIZAÇÃO É O QUE RESTOU
Passadas a explícita chantagem e a indigesta pressão do governo, Pedro Parente se sentiu, com razão, desobrigado de continuar à frente da Petrobrás. Independente da causa, a saída de Pedro Parente da Petrobrás é ruim para o mercado e péssima para a empresa. Liderou exemplar gestão, assumindo-a no fundo do poço da corrupção, e chancelou seu adiantado estado de recuperação na devolução ao governo. Basta avaliar seus resultados. Seu afastamento da empresa representa elevados riscos de retorno do uso político da companhia, com camufladas intenções de astronômicos saques. Não há dúvida de que Pedro Parente retratava uma das poucas acertadas escolhas do governo. Não à toa, Petrobrás foi a maior queda na Bolsa, enquanto BRF foi a maior alta. Êxitos oficiais no Brasil incomodam e passam a ser criticados à exaustão, até que seus responsáveis se cansem de contribuir e busquem seus caminhos na iniciativa privada, privando as empresas públicas de competência, compromisso e ética. Privatização é o melhor caminho para a Petrobrás.
IVAN MONTEIRO É O PRESIDENTE DA PETROBRÁS
O Conselho de Administração da Petrobrás aprovou o nome de Ivan Monteiro, atual Diretor Financeiro da empresa, para assumir o lugar de Pedro Parente. Monteiro chegou à Petrobrás como braço direito de Aldemir Bendine, condenado a 11 anos de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro, e tem agora o apoio político de Moreira Franco. Mais do que nunca, privatização é o melhor caminho para a Petrobrás.
PARAÍSO DE CRIMINOSOS
A operação Lava Jato, como todos sabemos, trouxe esperança de justiça ao país, que estava entregue, absolutamente atordoado, aos saques e assaltos ao erário por diversos agentes públicos e privados. Essa confiança está sendo corroída pela inexplicável atuação do STF, especialmente quando representado pelo Ministro Gilmar Mendes, que nas últimas duas semanas aceitou todos os quinze habeas corpus (média de um por dia) impetrados por criminosos contra as ordens de prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas. Alguns desses delinquentes foram soltos duas vezes. O Brasil, com total apoio, esforço e liderança do STF, retorna ao posto de paraíso da impunidade.