POLÍTICA&NEGÓCIOS COM LUIZ BITTENCOURT
#A VEZ DO MODAL FERROVIÁRIO
A paralisação realizada pelos caminhoneiros criou enorme constrangimento ao país, mas revelou, de maneira inconteste, que o sistema de transporte nacional está nociva e completamente dependente do modal rodoviário. A ausência de alternativa manietou o governo e resultou em absoluto desastre. Emerge da crise a percepção, tanto nos ambientes oficiais, quanto nos debates ocorridos nos meios de divulgação, que o modal ferroviário precisa ser reconsiderado de modo enfático nas estratégias públicas de desenvolvimento. Ao conectar, por ferrovia, as capitais dos três maiores Estados do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), o município de Barra do Pirai, localizado no sul do Estado do Rio de Janeiro, tem plenas condições de oferecer relevante contribuição para a revitalização do transporte ferroviário de bens e de passageiros e, por isso, não pode ser excluído dos estudos oficiais.
# BRASIL MAIS SIMPLES
Encerrou-se, no Sebrae Nacional, o Seminário Brasil Mais Simples com a apresentação de uma carta reunindo quatorze ações para simplificar a abertura de pequenos negócios. A primeira ação é a integração das informações nos órgãos públicos e considera ainda que o Portal do Empreendedor seja a única porta para assuntos do Microempreendedor Individual. A burocracia brasileira é impeditiva e sua redução é essencial para melhorar o ambiente de negócios para todas as empresas, especialmente para as micro e pequenas.
#ACORDO CAPENGA
Após quatro dias de paralização, os representantes dos caminhoneiros arrancaram do governo um acordo mais amplo do que imaginavam para o óleo diesel, sem que tenham sequer desmobilizado o movimento. Conseguiram do governo redução a 0% na alíquota da Cide, manutenção do preço proposto pela Petrobrás por 30 dias, garantia da periodicidade mínima de 30 dias para eventuais reajustes, reedição da tabela de referência de frete, apoio nos estados para isenção de pedágio, dispensa de licitação até 30% na contratação de transporte pela Conab, manutenção da desoneração da folha do setor de transporte rodoviário de cargas e extinção das ações judiciais, entre outras. O acordo foi assinado por diversas entidades patronais, mas no dia seguinte a manifestação não foi encerrada, sugerindo que a negociação foi mal conduzida pelo governo.
# RIO DE JANEIRO REDUZ ICMS DO DIESEL
Governador Pezão, do Estado do Rio de Janeiro, reduziu a alíquota do ICMS do óleo diesel de 16% para 12%, em troca da suspensão da paralização dos caminhoneiros no Estado do Rio de Janeiro. Em condições normais de temperatura e pressão qualquer governador resistiria bravamente à redução do imposto, mas o governador fluminense não encontrou condições de suportar a pressão pela sua debilidade política, mesmo estando o Estado em grave penúria.
# LIVRE DE FEBRE AFTOSA
Ministro Blairo Maggi recebeu ontem em Paris, da Organização Mundial de Saúde Animal – OIE, certificado que confere ao país a condição de livre de febre aftosa com vacinação. A conquista desse status oferece a perspectiva de ampliação de mercados para as carnes bovina e suína. Ótima notícia para o agrobusiness nacional, mas as normas precisarão ser ética e rigorosamente cumpridas.
# PEQUENO GESTO, GRANDE PREJUÍZIO
O gesto de boa vontade manifestado pelo Presidente da Petrobrás culminando com a oferta de redução, por um pequeno período, no preço do diesel, abalou a posição relativa da empresa na Bolsa de Valores e fez despencar o valor de suas ações. O prejuízo causado aos investidores é incomparavelmente maior do que o reduzido benefício que o gesto proporcionará aos caminhoneiros. Agrega-se ao dano financeiro, a lesiva percepção do retorno de uma indesejada ingerência política na companhia, um desastre para a imagem da Petrobrás. Esse equívoco nem de longe mancha a competência com que Pedro Parente montou equipe e recuperou a empresa destruída pelas corruptas administrações anteriores. Fica o alerta de que em qualquer cargo, público ou não, é preciso extremo cuidado com misericordiosos desejos de ajudar.