POLÍTICA&NEGÓCIOS
ARTIGO
Luiz Bittencourt
PLÁSTICO, O AMIANTO DOS MARES
Não é surpresa para ninguém o papel de vilão que o plástico vem desempenhando ao longo das últimas décadas. Lidera, com inalcançável vantagem, a destruidora poluição do planeta.
Desenvolvido nos anos 20, veio compor, com o papel e o vidro, o material onipresente nos utensílios.
O que não se sabia, à época, mas hoje sobejamente conhecida, é sua elevada resistência à decomposição, caracterizando sua incomparável capacidade de poluir.
Plástico é um polímero, originado em resinas derivadas do petróleo, e seus empregos vão desde embalagens de Politereftalato de Etileno – PET, em substituição a latas, vidros e multilaminados (caixinhas) chegando, com Poliuretanos – PU e outros micro plásticos, a fibras de poliéster utilizadas na confecção de roupas (inclusive fraldas) e na produção de calçados, estofados e artefatos, em substituição ao couro e ao tecido com fibras naturais.
Sua penetração no mercado ocorreu basicamente por praticidade e baixo preço, ativando o interesse da indústria e da maioria da população, até então desconhecedora de seus malefícios, percebendo agora a transformação de uma pretensa solução em um descontrolado problema.
Quando usado em embalagens, o plástico contribui com bisfenol, estireno e dioxina, cujas instabilidades podem resultar em maléficas transferências para o produto alimentício.
Quando descartado, o plástico resiste à decomposição por mais de 200 anos e se torna uma grave ameaça à fauna e ao equilíbrio da cadeia alimentar.
Dados da ONU indicam que de 2000 a 2015 a produção de plásticos dobrou no planeta e novamente dobrará até 2030.
Hoje, 80% do lixo marinho são plásticos, atingindo 13 milhões de toneladas por ano. Nessa toada, prevê-se que em 2050 haverá mais plásticos do que peixes nos mares.
Diversos documentários denunciam o plástico potencializando a morte de animais marinhos por asfixia, atuando de forma similar a do amianto contra o ser humano.
Todos os esforços para organizar o descarte e a reciclagem do lixo são louváveis, divulgados ao extremo, mas insuficientes para controlar o estrago causado ao meio ambiente (rios e oceanos) e a saúde da população.
Entre os principais vilões, não há qualquer dúvida de que o dano provocado pelo plástico é, em muito, superior ao do amianto.
Lembremo-nos de que o amianto foi banido nos principais países industrializados.
Diante da comprovada ineficácia dos programas públicos e privados e considerando a inexplicável omissão do Estado, chegou a hora do consumidor, investido das prerrogativas do cidadão e com seu inigualável poder regulador, assumir o protagonismo e, de forma responsável, colocar um ponto final na poluição dos oceanos.
Basta não mais aceitar o uso de sacolas, canudos, talheres, pratos, copos, peças de vestuário (fraldas inclusive), artefatos, calçados e estofamentos que possuam plástico em sua composição e exigir bens produzidos com vidro, aço, alumínio ou exclusivamente com matéria-prima natural, como algodão, linho, lã, seda, couro e peles, para citar alguns.
Esgotaram-se as alternativas para a regeneração da fauna marinha, tamanha a degradação ambiental promovida pelo plástico.
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