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PRODUZIR OU ESPECULAR?

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POLÍTICA & NEGÓCIOS

com Luiz Bittencourt

LUIZ BITTENCOURT, Engenheiro Metalúrgico pela UFF; Master of Engineering pela McGill University, Montreal, Canadá e pós graduado em Comércio Exterior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Diretor da LASB Consultoria, assina a coluna POLÍTICA & NEGÓCIOS
e-mail: [email protected]

PRODUZIR OU ESPECULAR?


Há muito tempo a sociedade brasileira vem sobrevivendo a um conjunto de fatores que, unidos, desaceleram o crescimento econômico do país. É o famoso Custo Brasil.

Esse nefasto ente abrange desde a burocracia e custos de regulamentação, passando pelos impostos não recuperados na cadeia, pelos encargos sociais e trabalhistas, pela deteriorada infraestrutura, pelos custos de investimento e de energia, pelos juros sobre capital de giro, chegando à remuneração dos serviços bancários. 

Todos, indistintamente, contribuem com significativa parcela para elevar os custos de produção e, consequentemente,retirar a competitividade do produto nacional, porém, parece-me, o último é a “Joia da Coroa”.

Da porta para dentro, as indústrias nacionais conseguem competir com suas congêneres internacionais. Os obstáculos surgem da porta para fora e convivem harmoniosamente com os ineficazes discursos. 

A prova disso é que nos últimos 30 anos não houve qualquer declínio no Custo Brasil. Ele só fez crescer.

O Brasil entra em uma nova era, com forte componente na defesa dos interesses nacionais, construindo um ambiente propício para o adequado tratamento do tema. 

Apesar disso, o controle da inflação e a decorrente queda nas taxas de juros Selic, mantidas por longo período em 6,5%(nível mais baixo desde 1996), têm sido insuficientes para adequarem os juros na ponta. 

Continuam inexplicavelmente exorbitantes (perto dos 500%/ano) as taxas do cartão de crédito e do cheque especial.

Somente Argentina, Turquia, México, Rússia e Indonésia têm juros maiores do que o Brasil. Todos os outros países oferecem taxas mais baixas, sendo que os juros brasileiros são quase dez vezes maiores do que a média geral (Exame, 15/12/2018).

Por isso, no Brasil, o crédito para os investimentos produtivos se inviabilizam e desestimulam a atualização tecnológica, a modernização do parque industrial e a geração de empregos. 

Enquanto o país que produz estaciona (até retrocede) e dá passagem ao avanço do investimento especulativo, os bancos, privados e públicos, comemoram extraordinário sucesso financeiro, sendo que os três maiores bancos privados (Itaú, Bradesco e Santander) obtiveram, juntos e nos últimos três anos, lucros anuais que ultrapassaram os R$ 50 bilhões. 

Há consciência de que qualquer empreendimento precisa de lucros, porém, há que haver limites, evitando que o sucesso alcançado seja em detrimento dos geradores de riqueza.

O resultado é a indústria nacional perdendo competitividade no mercado internacional. 

Estamos diante de uma encruzilhada, decorrente da incompatibilidade existente entre juros altos e industrialização.

O governo precisa definir se sua escolha será pelo fomento à industrialização, à geração de riqueza e de empregos ou a favor das estratosféricas taxas de juros que extorquem a sociedade brasileira.


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