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TONINHO DRUMMOND: UM PIONEIRO GLOBAL

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UMA CIDADE EMPOBRECIDA

Todos sabemos que nada é mais natural na vida, do que a morte. Porém, persiste entre nós uma imensa dificuldade para com ela lidar, quando com ela nos deparamos. Esse é o caso atual da cidade de Brasília, capital do país, que se empobreceu no último sábado, com o falecimento do jornalista Antonio Carlos Drummond.

Toninho, como era conhecido, construiu uma vida de realizações no setor de comunicações, como diretor da TV Globo na capital federal. Coordenou a cobertura e até mesmo cobriu relevantes eventos para a vida política brasileira, como: a entrevista exclusiva do ex-Presidente Geisel no trem-bala de Tokyo para Kyoto; a eleição direta para Presidente da República, em 1989; o impeachment do Presidente Collor, em 1992 e implantou o Bom dia Brasil, entre outras realizações.

Fortaleceu a participação dos telejornais das Organizações Globo na capital, mesmo em período de censura, o que contornava com perspicácia e diplomacia.

Brasília e o jornalismo choram a perda de um especial ser humano que muito contribuiu para a difusão de importantes informações e para um harmônico relacionamento na capital da República.

REVISTA DIÁRIA

 

NOTÍCIAS e depoimentos em homenagem a  ToninhoDrummond

 Participou da implantação do telejornal “Bom Dia Brasil” e acompanhou momentos importantes da política nacional brasileira, como as primeiras eleições diretas para presidente, em 1989, e o processo de impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992.

Foi sob sua direção que o jornalismo da emissora na capital federal desenvolveu-se, com o aumento da equipe. Os repórteres passaram a cobrir diariamente o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e os ministérios, ampliando as notícias sobre política brasileira em todos os telejornais, especialmente no “Jornal Nacional”.

A Família Marinho divulgou nota de pesar:

Toninho Drummond foi um dos expoentes da sua geração, honrando a tradição mineira que tão bons jornalistas deu ao país. Tenaz, mas sempre gentil; altamente competente, mas sem nenhuma dose de estrelismo; de uma seriedade ímpar no que fazia, mas sempre irradiando bom humor. Formou uma legião de jornalistas. O Grupo Globo deve muito ao talento dele, e expressa a sua imensa gratidão. Toninho foi um profissional exemplar e um amigo querido. Nossa solidariedade à família. Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho“.

O presidente Michel Temer também lamentou a morte do jornalista.

Além de grande profissional, Toninho Drummond foi uma personalidade que conquistou uma legião de amigos e admiradores“, diz a nota.

INICÍO DA CARREIRA EM MINAS

Mineiro de Araxá, Drummond mudou-se para Belo Horizonte para estudar Direito. No entanto, não chegou a concluir o curso porque começou a trabalhar como jornalista no início da década de 1960. Foi quando atuou como repórter do jornal “O Estado de Minas”, primeiro cobrindo polícia e, em seguida, política. Simultaneamente, trabalhava na sucursal mineira do jornal “Última Hora”.

Entre 1966 e 1970, foi assessor do governador Israel Pinheiro em Minas Gerais, que o convidou para o cargo. Depois, voltou a trabalhar com jornalismo, dessa vez na televisão. Foi quando Armando Nogueira, então diretor da Central Globo de Jornalismo, o convidou para assumir a direção do jornalismo da Globo em Brasília. A incumbência de Drummond era fortalecer a participação da capital federal nos telejornais de rede e incrementar o noticiário político.

COBERTURAS IMPORTANTES

Na função, teve que enfrentar um difícil momento da política nacional brasileira, com atuação da censura durante o governo do general Emilio Garrastazu Médici. Com a chegada do general Ernesto Geisel ao poder, em março de 1974, as relações do jornalismo com o governo melhoraram. Geisel iniciou um processo de abertura política lento e gradual, e teve como uma das medidas a diminuição da severa ação da censura sobre os meios de comunicação.

Também em 1976, o jornalista acompanhou todo o planejamento da TV Globo para cobrir as eleições diretas para prefeitos no país – com exceção das capitais e municípios considerados áreas de segurança nacional. Ele comandou a operação do Rio de Janeiro, cujo planejamento começou quatro meses antes do pleito. Essa foi a primeira vez que a TV Globo investiu na cobertura de um evento deste tipo, mobilizando repórteres especiais em todo o país.

Outro momento marcante na trajetória de Toninho Drummond foi a entrevista com Saddam Hussein no palácio presidencial em Bagdá durante a guerra Irã-Iraque. O encontro foi negociado pelo jornalista, que, para consegui-la, procurou o embaixador do Iraque no Brasil e argumentou que, se Saddam Hussein queria ser um líder do Terceiro Mundo, precisava dar prioridade a uma televisão do Terceiro Mundo. Em 29 de junho de 1981, a entrevista foi ao ar no “Jornal Nacional”. Saddam falou sobre paz no Oriente Médio, eleições em Israel e sobre as relações de seu país com o Brasil.

Entre maio de 1982 e setembro de 1983, Drummond foi diretor do programa jornalístico “O povo e o Presidente”, que ia ao ar aos domingos, após o “Fantástico”. O programa surgiu de um convite feito por Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, ao então presidente João Figueiredo. O presidente respondia a cartas enviadas pelos telespectadores para as emissoras e afiliadas da Rede Globo. O programa era gravado no Palácio da Alvorada, em Brasília.

No ano seguinte, o jornalista participou da implantação do telejornal Bom Dia Brasil. Depois, deixou a emissora para assumir um cargo executivo no Unibanco. Durante o governo de José Sarney, assumiu o cargo de presidente da Radiobrás e, em meados da década de 1980, tornou-se diretor da TV Bandeirantes em Brasília, no momento da implantação da emissora na capital.

Em 1988, trabalhou foi subchefe para assuntos de imprensa e divulgação da Presidência da República, onde ficou por pouco tempo, uma vez que foi convidado por Roberto Marinho para assumir a direção regional da Globo em Brasília.

Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/morre-toninho-drummond-ex-diretor-da-tv-globo-em-brasilia-22523335

 DEPOIMENTOS

### O Toninho Drummond me deu o primeiro emprego em Brasilia. Desembarquei na Rodoviária do Plano Piloto num domingo, agosto de 77. Na terça seguinte, já era editor de imagens da Tv Globo. Ano difícil, de abertura política. Fui apresentado a nomes jamais vistos antes. Marechal Cordeiro de Farias, ministros Golbery do Couto e Silva e Petrônio Portela, general Sylvio Frota. A CNBB era peça importante neste tabuleiro. Conheci, ali, na ilha gelada da Globo, Dom Ivo Lorscheiter, o imponente bispo gaúcho que comandava a entidade. Naquele espaço exíguo se acotovelavam, na hora de fechamento do JN, Ibiapina (meu mentor), Álvaro Pereira e Carlos Henrique (principais repórteres de política) e o Toninho. Calmo, com o rosto marcado por covinhas, e a doçura que o caracterizava, ele dava a palavra final. Sem grito, sem exageros. Dizíamos que contratava e demitia profissionais com a mesma elegância. Deliciosamente distraído, um dia foi ao Rio, de carro (não gostava muito de voar). Chegou cedo à Vênus Platinada, pela Lopes Quintas. Às 8 da noite, o motorista ligou pra casa dele em Brasília. “Dona Sandra (mãe dos 3 filhos), sêo Toninho entrou no prédio e não saiu mais. A senhora tem notícia dele?”. Toninho já estava em casa. Saiu do outro lado, pela Von Martius e pegou um avião. Por mais de uma vez, esqueceu o primogênito, Antonio Carlos, na redação da Tv em Brasilia, na W-3 Norte. A família Marinho, em nota, lembrou que Toninho não sofria de uma doença típica de jornalista: estrelismo. Hoje virou estrela. Será recebido pelo Jorge Moreno que o chamava, carinhosamente, de padrinho. Deixa um rastro suave de generosidade, bom-humor. E uma legião de amigos e afilhados. Valeu Toninho. (Laerte Rimoli, Jornalista)

### “O PIANTAS está de luto. Nos últimos tempos tivemos o prazer de ter a companhia do nosso querido e dileto amigo TONINHO DRUMMOND, uma lenda no jornalismo brasileiro. Mas choramos muito mais o verdadeiro amigo que se foi. Um homem a quem o poder não corrompeu. Levava dentro dele o espírito livre das nossas Minas Gerais e a alegria de uma pessoa que acreditava que a vida vale a pena. Tive o prazer de dividir com ele as mesas, as roletas, os vinhos e as infindáveis histórias de uma vida rica em amizades e casos. Ele, seja lá o que existir depois desta vida, logo logo estará, com seu jeitinho único, a sentar em novas mesas e a encantar. Vai com Deus meu amigo. Um brinde! (Kakay de Almeida Castro, Advogado)

### Antonio Carlos Drummond era mineiríssimo. Mineiro de Araxá. Mas era, sobretudo, o que se chama de “cidadão do mundo”. Eu, que também nasci em Minas, tive o privilégio de ser jornalista na mesma época de Toninho Drummond e viajar em sua companhia para coberturas as mais variadas por inúmeros países, incontáveis lugares. Durante décadas rasgamos o céu com outros colegas, do Paraguai à França, do Chile ao Japão, da Colômbia ao Canadá, da Argentina aos Estados Unidos, África, Espanha, China, Portugal etc.

Toninho era um verdadeiro, repetindo, cidadão do mundo. Transitava em Belo Horizonte ou Juiz de Fora, Paris ou Nova Iorque com toda desenvoltura. Porém jamais abriu mão um segundo ou um milímetro de sua mineiridade.

Um belo dia, estávamos em Recife. Ele da Tevê Globo, eu fotógrafo da revista Veja. Com outros quinze ou vinte repórteres estávamos em Pernambuco para a cobertura de uma viagem presidencial. Hoje não mais, porém naquela época era costume das redações enviar jornalistas para fazer matérias de fatos importantes.

Pois bem, o presidente cumpriu sua agenda e retornou a Brasília no início da noite. O grupo de jornalistas cumprimos nossa tarefa e cada um tomou um destino. Uns foram visitar parentes, outros conhecer Olinda, etc. Combinei com Toninho tomarmos o café da manhã no seguinte cedo no restaurante do hotel à beira mar. Quando desci do meu apartamento lá já estava meu amigo à mesa, em frente de um pratinho de queijo Minas e de olho na telinha da tevê, atento. Sentei-me e assistimos com outros dois colegas o “Bom Dia Brasil”, programa do qual ele tinha participado da criação, por delegação de Roberto Irineu Marinho.

O fim do jornal coincidiu com o término do café-da-manhã. Descemos e fomos dar uma rápida caminhada no calçadão da Praia de Boa Viagem. O mar verde, com jangadas deslizando no horizonte, o barulho das ondas quebrando nas rochas. De repente, Toninho para, põe a mão na boca, chega perto do meu ouvido e, discretamente, bem à moda mineira, como estivesse contando um segredo, me diz:

– Mr. Brito, estamos muito longe de casa. Olha o tal de mar aí! Nascemos em Minas e moramos em Brasília. Uai, o que nós estamos fazendo nesse fim de mundo?

E não teve quem pudesse segurar o Toninho nem um minuto a mais naquele cenário oceânico. Convenceu a vários a retornar ao hotel, fazer as malar e partir para o aeroporto Guararapes. No avião de volta a Brasília, para bem longe do Atlântico, o amigo esqueceu o cidadão do mundo que era para ser mineiro original. Olhou pela janela do Boeing e comentou com alegria quando viu do alto o Rio São Francisco cortar o interior do Brasil:

– Olha lá em baixo que beleza. E parece que o São Francisco nasceu lá em Minas Gerais.

Figuraça, aquele Toninho Drummond, falecido ontem. Vai encher os amigos de saudade. (Orlando Brito, Repórter Fotográfico)

 

No link a seguir, matéria ampla publicada pelo Globo.com

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/morre-em-brasilia-toninho-drummond.ghtml

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