Salva-vidas para os tutores que não têm tempo de sair com os pets, o dog walker é o profissional responsável por buscar e levar os cães para caminhar e brincar ao ar livre.
Por Letícia Guedes*
Advogado, professor, chef de cozinha ou médico… São inúmeras opções de carreiras para seguir e, no meio de tantas outras, algumas acabam menos lembradas. Você já ouviu falar em passeador de cães ou dog walker? Apesar de não tão afamada, nos últimos anos a profissão tem ganhado espaço na capital e nas grandes cidades do país.
Comentada no Brasil a partir de 2003, quando Carolina Dieckmann viveu, em Mulheres apaixonadas, Edwiges Batista, personagem que trabalhava passeando com cães. A profissão está em alta há alguns anos e é uma boa opção de trabalho para quem gosta de animais, além de ser uma excelente alternativa para os tutores que não dispõem de muito tempo na agenda.
Nayara Fernandes, médica veterinária que trabalha com atendimento domiciliar, explica que, com a correria do dia a dia, muitos tutores costumam levar os pets às ruas apenas para fazerem as necessidades e, logo após, retornam para casa. A especialista alerta que isso não é considerado um passeio.
Da mesma forma que os humanos, quando “presos” em casa por muito tempo, os cães podem sentir tédio e estresse, as saídas são essenciais para evitar que os pets fiquem abatidos e desanimados. A médica veterinária destaca a relevância da profissão: “O dog walker, por sua vez, é contratado para esse serviço de passeio, brincadeira e distração, que muitas vezes é feito com mais de um animal, e isso serve como socialização entre eles, evitando, assim, o estresse“.
Entretanto, se julgada pelo nome, atuar como um passeador de cães pode parecer fácil, mas se ilude quem pensa de tal maneira. Responsabilizar-se pelo cãozinho de outra pessoa exige muito preparo e cautela.
O que faz um dog walker?
Antes de se tornar um passeador, assim como em qualquer outra profissão, é necessário qualificação. Thays Oliveira, passeadora e monitora recreativa de cães, explica que, para começar a trabalhar na área, precisou realizar um curso on-line, no qual aprendeu sobre a linguagem corporal canina, os equipamentos necessários para um passeio seguro, a influência das caminhadas na qualidade de vida dos cães e os primeiros socorros, além de vários outros aspectos importantes.
Os conteúdos ensinados nos cursos que preparam os profissionais são fundamentais para uma boa comunicação entre o passeador e o cão, resguardando, ainda, a segurança do animal, que estará acompanhado de alguém que entende de primeiros socorros e saberá prontamente o que fazer em casos de incidentes.
Durante o passeio, os profissionais realizam brincadeiras e, conforme a necessidade de cada um, estimulam os cachorrinhos a fazerem esforços físicos. Carolina Canellas é estudante de medicina veterinária e trabalha como cuidadora de pets desde o fim de 2019. A universitária costuma passear com cães em algumas regiões do Plano Piloto, durante todos os dias da semana. Ela conta que atende uma cadelinha que está em processo de emagrecimento, então faz passeios mais longos e a leva para caminhar várias vezes na semana.
“Há pets que não aceitam outros pets de jeito nenhum, mas porque não são acostumados em sua rotina. Já existem animais que convivem bem com outros tranquilamente, sendo eles de porte pequeno ou grande. Se no caso do passeio coletivo o pet não tiver costume com outros animais, seja ele pequeno, seja de grande porte, o ideal, de início, é fazer um passeio individual”, aconselha a médica veterinária
“Encaro como um serviço essencial para manter o equilíbrio e o bem-estar canino. De certa forma, é terapêutico e me divirto com eles, apesar da alta carga de responsabilidade e esforço físico. Sem dúvidas, os passeios melhoram bastante a minha saúde física e mental também, diminuindo ansiedade e insônia, por exemplo”, declara Thays.
Uma relação de confiança
O processo de conquistar a confiança do cão exige paciência, mas Carolina explica que, geralmente, os pets se sentem seguros após poucos passeios, tudo depende de sua personalidade e histórico de vida. A universitária teve dificuldade somente em uma situação, quando precisou passear com um cão que havia atuado na polícia e, após isso, adquiriu alguns traumas. Ele tinha muito medo de barulhos e, quando ouvia, tentava correr. Por ser grande e forte, ela conta que já aconteceu de cortar os dedos ao tentar segurá-lo.
“Antes de começar a passear, eu marco uma visita inicial com os donos, vou à casa deles e conheço o cachorro, pergunto se tem alguma necessidade especial, geralmente as pessoas são bem sinceras. A maioria dos cachorros que eu pego são dóceis, então não tem muito problema”, explica.
Daniela Timponi, servidora pública, contratou os serviços de Carolina por meio da plataforma Pet Anjo, depois de uma extensa pesquisa. Perguntada sobre quanto tempo Aisha, sua cadelinha, levou para se sentir segura com Carolina, aos risos, Daniela informa que foram apenas dois minutos.
Extremamente dócil e brincalhona, Aisha afeiçoou-se por Carol ainda no primeiro dia e, atualmente, espera por ela ansiosamente. “Poucos segundos antes da Carol tocar a campainha, ela já sente a presença. Ouve o carro chegar e fica ouriçada, louca para passear. É uma coisa que ela gosta demais, diverte-se, fica alegre e calma.”
A médica veterinária ressalta que a relação entre o passeador e o cão assemelha-se com a de uma criança e a babá, por isso é importante que o profissional seja fixo, senão o pet pode acabar traumatizado e ter a saúde comprometida, causando efeitos totalmente contrários ao esperado.
Quais itens não podem faltar para Um passeio com segurança
Peitoral
Guia. Mas, atenção: guia unificada e enforcadores proporcionam uma experiência ruim e podem lesionar os cães. Opte por uma que possua mosquetão com trava, é mais segura
Saquinho para recolher dejetos
Garrafinha de água
Petiscos
Kit básico de primeiros socorros
Gazes, esparadrapo, soro
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte