ARTIGO
LUIZ BITTENCOURT
Chegou a hora de analisar com carinho, e rigor, os Planos de Governo dos candidatos a Prefeito dos municípios brasileiros.
Considerando a impossibilidade de estelionato eleitoral, o que pode parecer ingenuidade, mas não nos deixam alternativa, esses relatórios traduzem, ou deveriam traduzir, as reais intenções dos candidatos e como eles pretendem enfrentar o desafio de impulsionar o desenvolvimento econômico/social de seus municípios.
Algumas escolhas nos deixam estupefatos pelo mal que causarão aos municípios e, o que é pior, foram selecionadas para agradar eleitores e conquistar seus votos. Difícil crer que os eleitores não percebam a armadilha que se esconde sob essas “promessas”.
Uma delas, provavelmente a mais perniciosa, é a decisão de limitar todas as nomeações mais relevantes a cidadãos naturais do município. Essa maquiagem tenta mostrar audácia e confiança em seus conterrâneos, atrai votos dos que não se enxergam capazes e, por isso, se tornaram dependentes, mas camufla gigantesco equívoco administrativo.
Obviamente que há, nos municípios, cidadãos que normalmente seriam os mais indicados, sem qualquer necessidade de privilégio.
A decisão é, na realidade, a instituição de cota (100%) para conterrâneos, o que lhes imputa a pecha de incapazes de competir, além de eliminar qualquer chance de utilizar cérebros mais privilegiados na condução de áreas e setores capazes de impulsionar a economia do município.
Limitando as coordenações do setor público a cidadãos não tão competitivos, a Prefeitura atende a necessidade de alguns e condena o município a um medíocre futuro.
Traduzindo em linguagem mais popular, imaginemos que o Clube Barcelona editasse uma norma exigindo que todos seus jogadores fossem nascidos em Barcelona. Não há dúvida de que o futuro da equipe se tornaria medíocre.
O mesmo ocorreria se a CBF, ou o governo brasileiro, proibisse aos clubes nacionais a contratação de técnico não brasileiro. Campeonato brasileiro sem Jorge Jesus, Sampaoli, Domenec e Coudet, por exemplo, retornaria a antiga mediocridade.
Todo município cresce, se desenvolve e cumpre suas funções quando oferece ambiente que estimule as capacidades cognitiva e competitiva de seus cidadãos.
Para o futuro do município, não importa quem faz. Importa que seja feito.
Portanto, eleitor, se pretende subir a régua do seu município, avalie com cuidado os Planos de Governo e não se deixe enganar pelas arapucas.