TERCEIRA VIA?
Ontem o partido político Podemos realizou em Brasília, com toda pompa e circunstância, a filiação do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro, sinalizando de todas as formas a sua candidatura a Presidente da República em 2022.
Moro tem passado recente de quase unanimidade nacional, quando resgatou a esperança da justiça no cidadão brasileiro, porém perdeu grande parte de sua liderança e de seu carisma ao ser exonerado do Ministério da Justiça.
Certamente precisará recuperar sua imagem, tendo como único instrumento o discurso.
E ontem, no evento de sua filiação, utilizou-o mal. Dissimulou sua candidatura a Presidente da República e ainda, em atitude presunçosa, ofereceu seu nome se o país precisar de um salvador da pátria.
Defendeu de forma demagógica os mais vulneráveis e a segurança pública, sem dizer como o fará. Defendeu, também, a liberdade de expressão e da imprensa, mas não emitiu qualquer comentário ou crítica sobre os abusos realizados pelo STF.
Apresentou discurso vazio de conteúdo e populista na intenção.
De qualquer forma, sua candidatura competirá com as de centro, chamadas de terceira via, e pelo pouco que ainda restou do passado recente tem chance de deslocar as de Ciro Gomes, de João Doria/Eduardo Leite, de Mandetta e de Rodrigo Pacheco.
Ciro, como sabemos, já foi tudo: Governador, Prefeito, Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal e até Ministro. Tudo muito ruim. E, como Moro, possui somente o discurso para alavancar a candidatura. Fala bem, raciocina rápido, doura as palavras, mas seus resultados são conhecidos.
Doria e Leite se engalfinham em desgastante briga pela indicação no PSDB que, por sua vez, perdeu o brilho e a competitividade de outrora.
Mandetta aproveitou a oportunidade que a pandemia lhe ofereceu, mas sem resposta convincente, não passou de um sonho de uma noite de verão.
Rodrigo Pacheco, por outro lado, é uma incógnita. Não foi nada e galgou a presidência do Senado Federal com amparo do Executivo. Porém, possui descomunal vantagem por liderar um poder e manusear sua caneta. Pode perfeitamente sair do discurso e impulsionar radicalmente sua candidatura se desarquivar todos os pedidos de impeachment dos ministros do STF. Essa atitude, se não for seletiva, tem o poder de transforma-lo em novo herói nacional e inseri-lo como cunha na polarização existente.
Sem isso, a polarização se consolida entre direita (Bolsonaro) e esquerda (Lula ou seu preposto), com significativa vantagem para a direita.
[wpforms id=”10384″]