Por que muitos empresários falham na política? Temos exemplos emblemáticos no Brasil. Antônio Ermírio de Moraes, dono de um império, além de empresário foi um verdadeiro filantropo. Levantava-se cedo para se dedicar à área da saúde. Participou de eleições, de muitos combates, mas não conseguiu se eleger.
O mais recente, o ex-presidente do Estados Unidos da América, Donald Trump, também megaempresário e com articulação internacional, ganhou a eleição, mas não conseguiu fazer uma boa gestão, nem se reeleger.
Onde estão os erros? O principal é que se trata de atividades aparentemente semelhantes, mas com objetivos e práticas totalmente diversos. São culturas diferentes, é necessário um grande tempo de aprendizagem, não se aprende a nadar sem entrar na água. Só quem já disputou uma eleição sabe o que de fato é uma campanha.
Na atividade empresarial a legislação obriga o empresário a ter o negócio dentro de um parâmetro. Não é o caso da política: as leis são feitas pelos próprios políticos e fiscalizadas por eles, temos isso de forma clara no Brasil.
Uma campanha empresarial busca oferecer um bom produto ou serviços. Se houver mentira, estes terão vida curta no mercado. Na política, tanto quanto na campanha, o que vale não é o fato, mas a versão, não é o conteúdo, mas a melhor narrativa.
Cabe lembrar um grande psicólogo francês, Gustave Le Bon: “Na história, a aparência sempre teve um papel muito mais importante que a realidade. Nela, o irreal predomina sobre o real”.
Enquanto os empresários não entenderem que, quando entram na política, são meros aprendizes, não conseguirão bons resultados. É uma atividade que requer “olhos de águia e estômago de avestruz”: necessário ver acima da média e comer de tudo. Se não quer sujar as mãos, não entre na política.
Em uma campanha política a ética é relativa, de acordo com o que se está disputando, e a maioria dos políticos não atua visando ao bem comum, mas para atender ao seu interesse ou ao de pequenos grupos. E dane-se o povo.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected]