Antes de falar sobre o tema deste artigo, citamos o que tem sido mencionado repetidas vezes nos últimos dias: na guerra, a primeira morte é a da verdade. Vale lembrar que a guerra nunca parou. Temos momentos de paz, mas os embates regionais nos continentes asiático e africano têm coexistido.
Qual é a posição do governo brasileiro?
Ao fazermos uma análise global é possível entender que a guerra ideológica – a qual parecia adormecida – acordou, quando olhamos ambos os lados para constatar quem apoia a Rússia e quem apoia a Ucrânia. Mas, na maioria das batalhas, sempre faltam elementos para se visualizar a verdade.
No caso brasileiro, acreditamos que o governo deve priorizar o nosso País. Tivemos uma crise criada pela pandemia, que gerou perda de empregos, muitas mortes e um grande dano orçamentário. Estamos em fase de recuperação, a economia é sustentada pelo Agronegócio e este depende de fornecimento da Rússia e da China como cliente.
Lembrando que o Agronegócio, caso se desestruture, pode trazer um caos para o Brasil e agravar em vários países o problema da fome, ainda não resolvido. Mas não chegaremos a esse ponto.
O governo assegura, até agora, não ser a favor da guerra, afirmando que é necessário encontrar um caminho para a paz. Está sendo visto como neutro e criticado pelos que já escolheram um lado. O mais triste e bizarro é que alguns candidatos a presidente tentam tirar proveito deste momento, adotando um discurso eleitoreiro.
No campo geopolítico, em relação à América do Sul, não podemos ignorar o crescimento da influência da China e da Rússia nos países vizinhos e o recuo da força dos Estados Unidos. Dependendo da posição que adotar, o Brasil dará motivo para conflitos com essas duas grandes nações, no médio e no longo prazo.
Se tomar uma decisão acompanhando a maioria, o governo ficará bem no aspecto geral, mas coloca em risco a economia nacional e aumenta a possibilidade de uma ameaça no futuro. A questão mais importante é que a posição do Brasil não interfere no resultado desse conflito, mas faz diferença na questão interna, caso opte por um lado. É hora da diplomacia.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virgína.