Barra do Pirai chega aos seus 132 anos de ricas histórias de logística (trilhas, ferrovias e rodovias), de produção (agricultura, pecuária, metalurgia, químicos, couro, embutidos, massas e tantos outros), de comércio, de valorização do conhecimento, de compromisso com o progresso e com o desenvolvimento.
Deficiências administrativas internas e razões externas ao município levaram a estrutura econômica a não resistir à fragilização estadual e se esvaíram a ferrovia, o curtume, a fundição, a fábrica de massas e de embutidos, a produção rural e tantos outros protagonistas da época pujante da economia barrense.
Outros segmentos, por lucidez nos negócios, posicionamento no mercado e/ou resiliência dos empreendedores, conseguiram sobreviver na economia regional.
Contudo, o karma barrense tem se mostrado resistente, com poderosas parcerias e algumas intermitentes preocupações.
Recentemente o município foi surpreendido com a divulgação, pelo administrador, do seu estilo de vida vegano, o que pode se traduzir em significativo temor. Que impacto essa escolha pessoal pode causar ao futuro do segmento de proteína animal do município?
O agribusiness, maior negócio do planeta, sustentáculo da economia brasileira com excelentes entregas na produção e na exportação de carnes bovina, suína, de aves e de peixes, correrá riscos de rejeição oficial?
Questões que certamente inquietam o setor.
Algumas escolhas oficiais têm conduzido o município a reduzido PIB per capita, baixo índice de pessoal ocupado, baixo IDH, baixo IFDM e baixo grau de competitividade, indicadores constantemente localizados na parte inferior das avaliações municipais de desempenho.
Diante de um quadro nada animador, fica difícil encontrar o que comemorar. Porém, algumas sinalizações isoladas podem estimular celebrações.
Uma delas é o avanço no processo de instalação de um curso de medicina pela Universidade Geraldo di Biase – UGB, produzindo perspectiva de extraordinários retornos na geração de empregos, na oferta de leitos hospitalares, no empreendedorismo local da cadeia de suprimento, na importação de cérebros, na expertise em áreas da saúde, na diversificação cultural e na expansão do comércio. Inestimáveis ganhos.
Foto: Portal da UGB
Outra sinalização foi o emblemático ato da vereadora Kátia Miki que, em ousada (para os padrões barrenses) atitude cumpriu função fiscalizadora para a qual foi eleita e fez renascer a sensação de representatividade. Parlamentar de primeiro mandato, apresentou requerimentos questionando membros do Poder Executivo local sobre suspeita de desvio de recursos públicos na pasta da saúde municipal. Os requerimentos foram rejeitados (somente a autora votou a favor de suas propostas), mas a semente foi plantada e, para germinar, requer ativo apoio da população.
Foto: Portal da Câmara de Vereadores
Possivelmente, essa independente iniciativa da parlamentar encontre dificuldades em contaminar seus pares, mas atos dessa natureza podem e devem ser comemorados pois têm o poder de construir mais rigorosos critérios de seleção nos eleitores, agregando eficiência à casa legislativa.
O fato é que, após 132 anos, não só continuam, mas também aumentam as expectativas nas contribuições dos poderes executivo e legislativo para o reencontro do município com o desenvolvimento sustentável.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.