O inexorável avanço do tempo afunilou as pretensões e derrubou as pré-candidaturas desprovidas de consistência.
Hoje foi a vez de João Doria Jr (PSDB), ex-governador de São Paulo, crítico contumaz do ex-Presidente Lula e do Presidente Bolsonaro. Doria não resistiu às divisões internas de seu partido político e sucumbiu, retirando-se oficialmente da disputa.
Sérgio Moro (União Brasil) e João Doria Jr (PSDB), dois pré-candidatos bem conhecidos do público brasileiro, mas com baixa intenção de votos, foram simplesmente descartados por seus partidos, deslocados por interesses mais poderosos, e a terceira via tenta avançar se degladiando.
Moro foi substituído pelo presidente de seu partido e o espaço de Doria é moeda forte no acordo em fase de articulação com MDB e Cidadania, tendo a Senadora Simone Tebet como pré-candidata à Presidência da República.
A terceira via se degladia e tumultua.
A perspectiva da pré-candidatura Tebet é uma incógnita, porém essa coligação pode mexer com importantes campanhas na capital da República. O governador Ibaneis Rocha (MDB) tem sua base política composta, em grande parte, de partidos aliados ao Presidente Bolsonaro que, por sua vez, é pré-candidato à reeleição. Ibaneis também é pré-candidato a reeleição e sendo filiado ao MDB provavelmente seguirá as orientações nacionais do partido, deslocando seu palanque de Bolsonaro para Simone Tebet.
Ainda há a possibilidade do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) assumir a pré-candidatura e construir uma chapa com Simone Tebet. Uma coligação nacional PSDB/MDB/Cidadania poderá trazer imprevisíveis consequências e desarrumar a tranquila perspectiva de que desfruta a situação no DF.
Não nos esqueçamos de que PSDB e Cidadania possuem pré-candidatos a cargos majoritários no DF. Com essa nova perspectiva, eles disputarão a preferência para o palanque de Simone Tebet/Eduardo Leite, chapa que, então, passará a ter dois palanques na capital.
Ainda que somente uma dessas hipóteses ocorra, a polarização da corrida presidencial não deverá ser afetada e Bolsonaro certamente não ficará sem palanque no DF. A solução deve passar por uma divisão de forças políticas na situação, com algumas alternativas bastante visíveis na prateleira, envolvendo a deputada Flávia Arruda (PL), Damares (PR) e outros fortes pré-candidatos da base presidencial.
A perda do espaço por Doria, com respectiva união PSDB/Cidadania/MDB, pode provocar maremoto e ondas razoáveis na campanha política do DF, desequilibrando a situação que surfava em tranquila zona de conforto.
A nuvem tem chance de mudar.