Uma das mais preocupantes perspectivas da atualidade é a evolução da crise de insegurança alimentar.
Fatores como crescimento populacional, desindustrialização e inflação do alimento aceleram a expansão da pobreza e alargam o mapa da fome por todos os cantos do planeta.
Barra do Pirai não passa ao largo dessas dificuldades.
Previsões baseadas na taxa de crescimento mundial sinalizam aumento da população barrense em 30%, até 2030, alcançando 130 mil habitantes e proporcional crescimento da demanda por empregos e alimentos.
Há expectativas de investimentos produtivos no município, ainda sem indicadores de crescimento para o nível de emprego, porém com probabilidade de taxa inferior ao crescimento populacional, portanto insuficiente para reduzir o desemprego.
Com tais incertezas econômicas, o município encontra dificuldades para se adequar ao futuro e ainda enfrenta a inflação de alimentos, fenômeno mundial que, aliado ao desemprego, fomenta a exclusão e a fome.
Segundo Wedekin Consultores, até abril de 2022, a inflação anual de alimentos se aproximou dos 30%, consequência de um acelerado crescimento.
INFLAÇÃO MUNDIAL DE ALIMENTOS
FAO Food Price Index
O cenário previsto exige eficiente resposta da administração pública para impulsionar produção rural local, com o objetivo de aumentar a oferta e reduzir o preço ao consumidor final barrense.
Barra do Pirai possui os dois vetores básicos da produção alimentar: terras e mão-de-obra. Contudo, o pequeno produtor rural encontra-se abandonado, com baixa renda, limitado a agricultura de subsistência, sem competitividade, impedido que está de participar da revolução tecnológica que agrega valor ao seu produto.
Para reverter esse quadro, são necessárias políticas públicas municipais que organizem o setor e capitalizem o produtor rural, com o objetivo de aumentar o acesso aos alimentos, especialmente, pela população de baixa renda.
Decisões nessa direção certamente entregarão ganhos ao produtor, ao consumidor, à empregabilidade, à inclusão e à causa social.
O problema é mundial, mas as vítimas e as soluções podem ser barrenses.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais.