A realidade política do Distrito Federal muitas vezes esconde fatos, acontecimentos de relevante importância e pessoas.
Como contemporâneo de diversas personalidades que fazem parte da história do nosso “quadradinho”, entre eles, Paulo Octávio, empresário de sucesso, que edificou Brasília, como definiu muito bem seu filho André Kubitschek em recente reunião do partido PSD: “Meu bisavô construiu Brasília. Meu pai edificou Brasília.” Para aqueles que são testemunhas da história, ele resumiu de forma contundente e verdadeira os fatos.
Parte 1.
Os mandatários atuais do GDF têm um desafio indigesto. Paulo Octávio é um dos mais notórios representantes da geração 60, dos anos 60, que foi quando ele, eu e outros pisamos na Capital.
Brasília era uma comunidade, pequena, mas diferente de qualquer cenário nacional. A partir daí, cada um dos signatários daquele período tomou um rumo diferente. Mas poucos ou muitos anos depois, acabaram por ter destinos reencontrados.
Na década seguinte, nosso “point” era a oficina mecânica Camber. Paulo Octávio não frequentava a oficina, pelo menos não tenho lembrança disso. Mas lá estavam Alex Dias Ribeiro, Pupo Moreno, Nelson Piquet. E eu, num canto. Mas ainda era cedo para um reencontro.
Muitos anos depois, visito Paulo Octávio no Edifício Mariana, na Asa Norte, como empresário do segmento imobiliário e eu como sua agência publicitária. Ele já havia dominado o mercado comercializando incorporações imobiliárias de terceiros, setor em que eu tinha muito conhecimento por atender a Encol (essa informação será importante a seguir).
Então, em um determinado dia, fui convocado para fazer a campanha de lançamento do apart-hotel Saint Paul, acredito que seu primeiro empreendimento como incorporador. Fui até ao escritório recolher as plantas do projeto para produzir os materiais de campanha. Percebi algumas incongruências nas plantas, sem querer criticar o brilhante arquiteto, mas apart-hotéis eram uma novidade no Brasil.
Diante de uma série de observações sobre a planta, P.O ligou para o nome mais famoso, à época, do ramo imobiliário, Sérgio Dourado – citado em música do Tom Jobim – que respondeu: “Já fiz três aqui no Rio e cada um funciona de um jeito. Faça como achar melhor.”
Parte 2.
Por último, como esse artigo é testemunhal, modestamente histórico, até divertido quando lembro de ultrapassar os limites de agente publicitário para criar festas temáticas, a pedido, de criar um evento na residência do Paulo cujo convite era impresso em um côco verde. Uma festa havaiana, claro.
O problema foi a distribuição dos convites, uma frota de Kombis. São fatos como esse que credenciam Paulo Octávio como um candidato, talvez vez o mais autêntico, a ser governador do Distrito Federal.
Lembram que eu falei da Encol? Os mais velhos vão saber. A Encol foi uma empresa que teve números publicados no Guinness Book como a maior área em construção no mundo.
Fiz vários lançamentos de produtos da Encol em todo Brasil. Qual a razão do meu comentário? Paulo Octávio nunca tirou recursos do DF para investir em outros estados.
Alguém deve estar dizendo agora: “Esse cara recebeu para dizer isso.” E eu respondo que meu único desejo é interromper a sequência de inúteis, incompetentes, mentirosos, estrangeiros, que chegam ao Buriti sem nenhuma identificação raiz com a cidade.
Meu reencontro com Piquet, depois de anos, quando fizemos uma viagem de trabalho à Alemanha, foi uma inspiração. Ele é mais um exemplo de candango raiz. Do jeito dele, sempre.
Paulo Octávio, para nossa geração de pioneiros, proprietários de Brasília, é o único nome que representa a essência do Distrito Federal.
E nem falei que ele é pai dos únicos sucessores de Juscelino Kubitschek.
Kleber Ferriche, autor do texto, é publicitário.