Antes do incremento da globalização e das novas tecnologias, cada país funcionava como se fosse uma ilha. Poucos Estados-nações tinham estratégia global, o que lhes possibilitou crescer, mesmo não dispondo de recursos naturais.
Isso explica em parte o fato de vários países da América do Sul – com destaque para o Brasil – e da África, com recursos naturais invejáveis, não se desenvolverem por falta de boas lideranças e de estratégia, “deitados eternamente em berço esplêndido”.
O Planejamento Estratégico de um país não é diferente daqueles praticados nas empresas, apenas se realiza com estratégias mais agressivas, uma ética relativa e um maior número de informações, ou seja: é necessário analisar e acompanhar a dinâmica do espaço mundial, criar alianças estratégicas entre os produtores, considerar seus pontos fortes e fracos, assim como os dos países que são potenciais concorrentes. Quanto às ameaças e oportunidades, procede-se da mesma forma, o que permitirá a formação de uma infraestrutura interna capaz de sustentar uma estratégia global.
Um dos pontos de inflexão para que isso aconteça é ter políticas de governo alinhadas com o planejado. É o que não temos hoje no Brasil, onde cada governador olha o seu estado como um país e cada ministro, até pouco tempo, utilizava seu ministério para fazer campanha a fim de ser governador ou senador do seu estado.
São poucos no Congresso Nacional que têm uma visão global. Os cargos de senador e deputado tornaram-se pessoais, com foco nas cidades que os elegem. É perceptível que a muitos faltam dois atributos: preparo e compromisso para representar seu País.
Nesse contexto, o velho refrão “as mudanças acontecem pelo amor ou pela dor” pode mais uma vez se concretizar: a América do Sul e a África, por falta de união da população e inexistência de organização interna e lideranças fortes, se não acordarem, serão controladas pelas nações que têm estratégia global. Esse processo já está em andamento. São visíveis as ameaças à soberania das nações dessas regiões.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia. [email protected] – www.institutolatino.com.br