Beber em excesso pode causar overdose alcoólica, saiba como identificar e agir quando um amigo passou dos limites
Por Giulia Vidale — São Paulo
Após dois anos de cancelamentos, o carnaval dos desfiles e bloquinhos de rua finalmente será realizado, para alegria dos foliões. Inclusive, as comemorações já começaram em várias cidades brasileiras, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, com a programação de pré-carnaval. A festa inclui música, dança, fantasia, amigos reunidos e, em muitos casos, o consumo de álcool.
Entretanto, isso deve ser feito de forma moderada, pois a ingestão de bebida em excesso pode acabar precocemente com a festa de muita gente, além de trazer riscos à saúde. Confira abaixo quatro dicas do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool para beber de forma segura e minimizar os riscos.
Siga à risca as três regras de ouro
Sempre que decidir beber é importante: Intercalar o consumo de álcool com bebidas não alcoólicas para evitar a desidratação; Alimentar-se antes de beber e enquanto estiver bebendo, pois a ingestão de alimentos proporciona uma absorção mais lenta do álcool pelo organismo, e beber devagar.
Não beba em excesso
O consumo abusivo de álcool – quando é ingerido um grande volume de álcool em um curto período – diminui a percepção de riscos, o que dificulta a tomada de decisões. Entre as consequências estão envolvimento em brigas, acidente de trânsito e relações sexuais sem proteção, aumentando os riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.
Elevar ainda mais essa ingestão pode provocar uma intoxicação grave por uso de álcool, causando, por exemplo, confusão mental, dificuldade de respirar, diminuição da frequência cardíaca e resfriamento do corpo, condições que podem levar a pessoa até mesmo ao coma alcoólico.
Conheça a procedência da bebida
O consumo de bebidas falsificadas e/ou fabricadas com matéria-prima imprópria para ingestão e com teor alcoólico superior ao permitido por lei é extremamente perigoso e traz sérios danos à saúde, mesmo quando ingeridas sem excesso, como crises renais em curto prazo.
Para não cair nessa cilada, desconfie de bebidas com preços muito baixos e com cheiro muito forte de álcool, que pode ser um indicativo de irregularidade, e procure comprar de estabelecimentos de confiança.
Não misture álcool e energético
Embora seja comum em festas e baladas, por aumentar a energia e disposição, essa combinação potencializa o risco de arritmia cardíaca e está associada ao consumo excessivo de álcool, a dirigir alcoolizado e ao comportamento sexual de risco.
— Muitos dos ingredientes dos energéticos ajudam a ‘mascarar’ o sabor do etanol das bebidas alcoólicas, tornando mais doce e palatável, contribuindo para o aumento do consumo. Além disso, a cafeína presente no energético intensifica a euforia causada pela bebida e reduz a sensação subjetiva de embriaguez, fazendo a pessoa sentir e pensar que está ‘menos alcoolizada’ do que verdadeiramente está — explica Marília Reis, pesquisadora sênior do CISA.
Respeite a decisão de quem optou por não beber
Diversos estudos mostram queda no consumo de álcool, em especial entre os mais novos. Poe isso, não insista se seu amigo não quiser beber. No outro extremo, dê um toque para quem estiver bebendo além da conta. Peça uma bebida não alcoólica ou um petisco para essa pessoa e evite que ela dirija enquanto estiver alcoolizada.
Como agir quando um amigo bebeu muito?
Apesar de todas as dicas acima, o consumo excessivo de álcool é bastante comum nesse período. Entretanto, Cisa alerta que a ingestão alcoólica após sinais claros de embriaguez pode se transformar rapidamente em uma emergência médica e saber identificar esses sinais é fundamental para prestar o socorro adequado.
A overdose alcoólica é mais comum de acontecer quando há “binge drinking”, caracterizada pela ingestão de cinco doses de álcool para os homens e quatro para as mulheres em um espaço de duas horas. É aquele porre ocasional, comum na balada, em festas de faculdade e, é claro, no carnaval.
— Ingerir rapidamente uma grande quantidade de álcool pode acarretar alterações na coordenação motora, na tomada de decisões e no controle de impulso, aumentando o risco de danos à saúde. Continuar a beber nessas condições pode expor a pessoa a consequências ainda mais graves, como uma intoxicação grave por uso de álcool, popularmente conhecida como overdose alcoólica — explica a psiquiatra Olivia Pozzolo, pesquisadora do CISA.
A overdose alcoólica ocorre quando a concentração de álcool no sangue é tão alta que as áreas do cérebro que controlam as funções básicas (respiração, frequência cardíaca e controle de temperatura) se desregulam. Os sintomas incluem confusão mental, dificuldade em permanecer desperto, vômito, dificuldade de respirar, pele úmida ou fria e convulsões.
Todas as dicas acima buscam evitar que isso aconteça. Mas se ingestão de álcool extrapolou e alguém demonstra sinais de intoxicação, veja como agir:
Não acredite em fake news: banho frio, café quente ou doces não revertem os efeitos da intoxicação alcoólica e podem até piorar a situação.
Peça ajuda médica imediatamente: ao suspeitar que seu amigo ou familiar apresenta um ou mais desses sintomas, ligue 192 (Samu). Não espere por todos os sinais. Também é perigoso presumir que uma pessoa inconsciente ficará bem dormindo. Um risco potencial da intoxicação alcoólica é engasgar-se com o próprio vômito.
Esteja preparado para fornecer informações ao profissional que atenderá ao chamado: tipo e quantidade de álcool ingerido, se houve o uso de outras drogas e outras informações que você tenha a respeito da saúde da pessoa, como alergias a medicamentos ou problemas de saúde.
Não deixe a pessoa embriagada sozinha: enquanto espera pela ajuda médica, fique atento o tempo todo e não descuide, pois há risco de queda ou sufocamento. Mantenha a pessoa no chão, sentada ou parcialmente em pé.
Ajude se a pessoa estiver vomitando: faça com que ela se incline para frente a fim de evitar engasgos. Se ela estiver inconsciente ou deitada, role-a de lado com a orelha voltada para o chão.
Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2023/02/carnaval-5-dicas-para-o-alcool-nao-estragar-a-folia.ghtml