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Passeando com o cachorro dos outros: entenda o que é um dog walker

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Salva-vidas para os tutores que não têm tempo de sair com os pets, o dog walker é o profissional responsável por buscar e levar os cães para caminhar e brincar ao ar livre.

Por Letícia Guedes*

Advogado, professor, chef de cozinha ou médico… São inúmeras opções de carreiras para seguir e, no meio de tantas outras, algumas acabam menos lembradas. Você já ouviu falar em passeador de cães ou dog walker? Apesar de não tão afamada, nos últimos anos a profissão tem ganhado espaço na capital e nas grandes cidades do país.

Nayara Fernandes, médica veterinária que trabalha com atendimento domiciliar, explica que, com a correria do dia a dia, muitos tutores costumam levar os pets às ruas apenas para fazerem as necessidades e, logo após, retornam para casa. A especialista alerta que isso não é considerado um passeio.

Da mesma forma que os humanos, quando “presos” em casa por muito tempo, os cães podem sentir tédio e estresse, as saídas são essenciais para evitar que os pets fiquem abatidos e desanimados. A médica veterinária destaca a relevância da profissão: “O dog walker, por sua vez, é contratado para esse serviço de passeio, brincadeira e distração, que muitas vezes é feito com mais de um animal, e isso serve como socialização entre eles, evitando, assim, o estresse“.

Entretanto, se julgada pelo nome, atuar como um passeador de cães pode parecer fácil, mas se ilude quem pensa de tal maneira. Responsabilizar-se pelo cãozinho de outra pessoa exige muito preparo e cautela.

Antes de se tornar um passeador, assim como em qualquer outra profissão, é necessário qualificação. Thays Oliveira, passeadora e monitora recreativa de cães, explica que, para começar a trabalhar na área, precisou realizar um curso on-line, no qual aprendeu sobre a linguagem corporal canina, os equipamentos necessários para um passeio seguro, a influência das caminhadas na qualidade de vida dos cães e os primeiros socorros, além de vários outros aspectos importantes.

Os conteúdos ensinados nos cursos que preparam os profissionais são fundamentais para uma boa comunicação entre o passeador e o cão, resguardando, ainda, a segurança do animal, que estará acompanhado de alguém que entende de primeiros socorros e saberá prontamente o que fazer em casos de incidentes.

Durante o passeio, os profissionais realizam brincadeiras e, conforme a necessidade de cada um, estimulam os cachorrinhos a fazerem esforços físicos. Carolina Canellas é estudante de medicina veterinária e trabalha como cuidadora de pets desde o fim de 2019. A universitária costuma passear com cães em algumas regiões do Plano Piloto, durante todos os dias da semana. Ela conta que atende uma cadelinha que está em processo de emagrecimento, então faz passeios mais longos e a leva para caminhar várias vezes na semana.

 

    • Thays e Atlas em uma de suas saídas para passear (Arquivo pessoal)

    Aisha se apaixonou por Carolina logo no primeiro passeio. Hoje, ela espera a passeadora sentada em frente à porta de casa (Arquivo pessoal)

    Carolina e Elmo, o pastor belga malinois, policial aposentado, em um de seus passeios (Arquivo pessoal)

    Estudante de medicina veterinária Carolina Canellas decidiu atuar como passeadora de cães para se aproximar dos animais (Arquivo pessoal)
    Carol e os cães do abrigo Toca segura, onde ia toda semana para auxiliar o médico veterinário que fazia sessões de acupuntura nos animais (Arquivo pessoal)
    Thays conta que Chloe, uma samoieda é a sensação do bairro, conhecida carinhosamente como “ursa polar” (Arquivo pessoal)

A passeadora Thays Oliveira em uma saída com Lycan (preto) e Cacau (marrom) (Arquivo pessoal)

Apesar de existirem profissionais que realizam saídas coletivas, as passeadoras entrevistadas preferem trabalhar com saídas individuais, pois sentem que, dessa maneira, conseguem estar mais atentas ao comportamento e às necessidades dos cães. O processo de socializar os pets é importante, mas necessita de muita cautela, pois a reação do animal vai depender de fatores como raça, personalidade e rotina.

“Há pets que não aceitam outros pets de jeito nenhum, mas porque não são acostumados em sua rotina. Já existem animais que convivem bem com outros tranquilamente, sendo eles de porte pequeno ou grande. Se no caso do passeio coletivo o pet não tiver costume com outros animais, seja ele pequeno, seja de grande porte, o ideal, de início, é fazer um passeio individual”, aconselha a médica veterinária

“Encaro como um serviço essencial para manter o equilíbrio e o bem-estar canino. De certa forma, é terapêutico e me divirto com eles, apesar da alta carga de responsabilidade e esforço físico. Sem dúvidas, os passeios melhoram bastante a minha saúde física e mental também, diminuindo ansiedade e insônia, por exemplo”, declara Thays.

Uma relação de confiança

O processo de conquistar a confiança do cão exige paciência, mas Carolina explica que, geralmente, os pets se sentem seguros após poucos passeios, tudo depende de sua personalidade e histórico de vida. A universitária teve dificuldade somente em uma situação, quando precisou passear com um cão que havia atuado na polícia e, após isso, adquiriu alguns traumas. Ele tinha muito medo de barulhos e, quando ouvia, tentava correr. Por ser grande e forte, ela conta que já aconteceu de cortar os dedos ao tentar segurá-lo.

“Antes de começar a passear, eu marco uma visita inicial com os donos, vou à casa deles e conheço o cachorro, pergunto se tem alguma necessidade especial, geralmente as pessoas são bem sinceras. A maioria dos cachorros que eu pego são dóceis, então não tem muito problema”, explica.

Daniela Timponi, servidora pública, contratou os serviços de Carolina por meio da plataforma Pet Anjo, depois de uma extensa pesquisa. Perguntada sobre quanto tempo Aisha, sua cadelinha, levou para se sentir segura com Carolina, aos risos, Daniela informa que foram apenas dois minutos.

Extremamente dócil e brincalhona, Aisha afeiçoou-se por Carol ainda no primeiro dia e, atualmente, espera por ela ansiosamente. “Poucos segundos antes da Carol tocar a campainha, ela já sente a presença. Ouve o carro chegar e fica ouriçada, louca para passear. É uma coisa que ela gosta demais, diverte-se, fica alegre e calma.”

Quais itens não podem faltar para Um passeio com segurança

  • Peitoral
  • Guia. Mas, atenção: guia unificada e enforcadores proporcionam uma experiência ruim e podem lesionar os cães. Opte por uma que possua mosquetão com trava, é mais segura
  • Saquinho para recolher dejetos
  • Garrafinha de água
  • Petiscos
  • Kit básico de primeiros socorros
  • Gazes, esparadrapo, soro

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 

https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2023/06/5101742-passeando-com-o-cachorro-dos-outros-entenda-o-que-e-um-dog-walker.html

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