Gastronomia Autoral é tema de Aula Show na UCB
Chibé de camarão, como entrada, Pato com espuma de Tucupi, como prato principal e sobremesa de Creme de Cupuaçu com beterraba compuseram o menu elaborado exclusivamente para a aula. O professor Alex Sabino explica que a proposta da atividade foi trazer um chef de fora, jovem, com toda a experiência e reconhecimento que ele possui, para que o estudante tenha uma visão de mercado e do funcionamento de um restaurante. “Nós não queremos que o estudante fique preso a uma cozinha só de aprendizagem, é necessário estender um pouco o conhecimento deles, pois incentiva muito o interesse pela profissão”, afirmou Sabino.
Durante a Aula Show, o chef Leandro Nunes administrou a cozinha, fez dos estudantes seus auxiliares e proporcionou uma experiência única, de prática profissional e degustação aos futuros profissionais da área. O formando do curso de Gastronomia, Igor Vicente, achou muito gratificante a atividade e parabenizou a iniciativa da Universidade. “É muito louvável o esforço da UCB em trazer profissionais desse nível para nos dar um choque de realidade. Quando estamos na aula rotineira, ficamos em uma redoma. Nessa aula não, porque o chef nos tratou como iguais. Trouxe pessoas para trabalhar do lado dele, impôs um ritmo ao qual não estamos acostumados e, fora isso, com essa experiência temos um direcionamento melhor do queremos ou não seguir”, afirmou o futuro chef.
O chef Leandro Nunes é natural de Belém do Pará, mas vive em Brasília há muito tempo. Ele faz uma cozinha contemporânea, usando ingredientes do Norte e do cerrado. Já estudou Direito até o quarto semestre e largou o curso para estudar Gastronomia. Fez Hotelaria, já trabalhou em Brasília e fora do país com profissionais reconhecidos internacionalmente e, há três anos, abriu o Restaurante Jambu.
Leandro Nunes compartilhou um pouco da sua experiência com os estudantes da UCB e afirma que a Cozinha Autoral não é uma oposição à cozinha tradicional, “é trazer para o seu o prato, sua memória gustativa construída ao longo da vida, usando os mesmos ingredientes de forma diferente”, afirmou.
Confira, a seguir, um pouco do evento em fotos de Fatima Layane e Anny Cassimira
O que é a Cozinha Autoral para você?
A Cozinha Autoral para mim é fazer uso da memória gustativa. É pegar memórias e lembranças da sua vida, de ingredientes que você conhece e criar um prato. Não é ir contra a tradição, é você usar os mesmos ingredientes, as mesmas sensações, mas de forma diferente.
Como você se vê nesse processo de construção da sua própria identidade gastronômica?
Eu estou sempre evoluindo, descobrindo o que quero fazer, quando, como, onde e porquê. Eu acho que um chef depois que começa a fazer sua própria comida, ele demora de 4 a 5 anos para definir o próprio estilo, por isso fizemos este evento agora.
Fale um pouco dessa experiência de estar na Universidade com os estudantes que estão se preparando para o mercado de trabalho.
Eu gosto muito! Dou aulas há muito tempo e acho importante essa interação para você criar novos profissionais, porque estamos com profissionais muito ruins em Brasília e eu espero que a gente consiga fazer um pouquinho para melhorar isso.
Você falou em profissionais ruins, como você avalia se um profissional é bom ou não?
“Mindset”! É a mentalidade que ele tem na hora que vai cozinhar. Para mim não faz muita diferença onde ele estudou ou o que ele sabe. O que vale é a vontade que ele tem de aprender e a disposição em receber críticas, melhorar e trabalhar nisso. Se ele vai ser organizado, se vai ser rápido, se vai ter senso de urgência. Isso definitivamente é a coisa mais importante em um profissional, na minha opinião.
Para quem está construindo a carreira agora, que dica você daria para se tornar um bom profissional?
São cinco pontos essenciais para o funcionamento de qualquer cozinha: higiene, organização, padronização, senso de urgência e comprometimento. Se qualquer um desses falha, o que é muito fácil de identificar em 3, 4 horas de teste de contratação, eu não consigo contratar essa pessoa. Tem muita coisa que se pode treinar, mas, por exemplo, senso de urgência não.
O que você falaria para uma pessoa que tem vontade de cursar ou entrar no mundo da gastronomia?
Se alguém tem interesse de entrar no mundo da gastronomia para ser cozinheiro, entre em um restaurante e trabalhe por pelo menos 2 anos antes de cursar uma faculdade, pois 95% das pessoas que fazem gastronomia e se formam, não ficam na área, porque não dão conta. É uma área muito pesada, o dia inteiro de trabalho, não tem final de semana, não tem feriado, não tem casamento, não tem nada… A minha recomendação é essa. Faça o inverso. Entre no mercado primeiro e veja se é isso que você quer de verdade, aí sim faça o seu curso!
Fátima Layane
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