ARTIGO
Os Currais Eleitorais e o Cenário Político Nacional no Brasil Contemporâneo
No Brasil do século XXI, inserido em um mundo globalizado e impulsionado por inovações tecnológicas que moldam uma nova era das organizações, observa-se que os políticos brasileiros ainda mantêm práticas arcaicas e prejudiciais.
Entre essas práticas, destaca-se a manutenção de currais eleitorais, um termo que muitos jovens podem desconhecer. Para esclarecimento, o termo curral refere-se às áreas nas fazendas onde o gado é confinado. De forma análoga, políticos — tanto os antigos quanto a maioria dos novos — tratam seus redutos eleitorais como currais, e os eleitores, de maneira depreciativa, como gado. Essa analogia é ofensiva, porém, infelizmente, reflete a realidade.
Esses políticos, especialmente senadores e deputados, agem literalmente como donos dos partidos. Em vez de estabelecerem diretórios municipais, eles formam comissões provisórias, que funcionam como currais menores. Nestas comissões, os políticos controlam quem se filia e quem se candidata, conforme seus interesses. Caso a liderança local se oponha a tais imposições, ela é rapidamente destituída com um simples ato administrativo.
As reformas políticas, necessárias e frequentemente prometidas durante campanhas eleitorais, raramente se concretizam como esperado. Em vez disso, ocorrem mudanças casuísticas destinadas a atender interesses específicos. Em todo o país, é comum encontrar deputados que controlam diversas legendas e que, a cada eleição, optam pela sigla que oferece maiores vantagens para sua reeleição.
A realização de uma democracia plena permanecerá inatingível enquanto esse cenário persistir. A esperança de mudança no curto prazo é mínima, pois os responsáveis por implementar as reformas demonstram pouco interesse em alterar o status quo. Contudo, um vislumbre de esperança surge com as redes sociais, que têm proporcionado uma plataforma para a expressão popular. Sem essas plataformas, dificilmente estaríamos discutindo abertamente sobre esse sistema corrupto que tem manchado a política brasileira.
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso” e “Marketing Político Ético”. Ele atua como consultor de empresas e já foi secretário de planejamento e meio ambiente na cidade de Uberlândia/MG. Além disso, é palestrante em cursos de pós-graduação e na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, além de membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicada, em Brasília.
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