ARTIGO
ISOLAMENTO LOGÍSTICO DE BARRA DO PIRAÍ
A infraestrutura da região sul-fluminense é reconhecidamente precária. O sul do estado do Rio de Janeiro, no entorno de Barra do Piraí, não possui aeroporto, seus rios não são navegáveis, a ferrovia existente atende uma única empresa e transporta um único produto, portanto não há ferrovia na região, e o modal rodoviário oferece a BR 393, rodovia Lúcio Meira, um gargalo enquanto não for duplicada, e a BR 116, rodovia Presidente Dutra, uma das mais importantes do país.
Sem dúvida alguma, a BR 116 transporta hoje o progresso do sul do estado do Rio de Janeiro. Contudo, não há somente vantagens nessa constatação. A hegemonia por ela exercida, passou a determinar, pela acessibilidade, o crescimento ou a sobrevivência dos municípios da região. Município que acessa a Dutra, progride. Município que não a acessa, sobrevive.
Constatação que demonstra, ainda, estreita relação de produção com progresso.
A consequência dessa preponderância da Dutra é desequilíbrio no crescimento econômico da região. Por exemplo, a participação do emprego formal nos municípios que acessam a Dutra está na faixa de 30% da sua população (caso de Volta Redonda e Resende), enquanto gira ao redor de 17% para os que não a acessam (caso de Barra do Piraí e Valença). Brutal diferença. Obviamente, outros fatores contribuem para essa discrepância, mas o acesso a Dutra é, sem dúvida, um dos mais impactantes.
Essa distorção nas oportunidades passa a exigir esforços diferenciados dos municípios que não acessam a BR 116, visando compensar a enorme desvantagem.
Esse é o ambiente que envolve Barra do Piraí.
O município não possui aeroporto, não possui rios navegáveis, não possui ferrovia, acessa a limitada BR 393, mas não acessa o progresso que a Dutra representa. Consequentemente, a debilitada logística barrense fornece uma das maiores contribuições para o atual quadro econômico do município.
Preocupa, porém, o fato de que não se tem notícia de qualquer estudo ou movimento, mesmo com o isolamento logístico existindo há décadas, visando alternativas ou acesso do município à Dutra (há quem defenda via Vargem Alegre) e/ou à ferrovia. Os rios não possuem qualquer valor econômico para Barra do Piraí e são percebidos somente por ocasião de enchentes.
Entretanto, a fraqueza na estrutura barrense certamente não é destino, nem condenação, mas circunstância passível de correções por ações estratégicas do município.
Soluções estruturantes demandam organização, tempo, capacitação técnica e apoio político, mas para que se tornem realidade no futuro exigem começo.
Por: Luiz Bittencourt:
SUGESTÃO DE LEITURA: ESPONTÂNEA UNIÃO DE BARRENSES