BARRA DO PIRAÍ NECESSITA DE ADAM SMITH
Não somente nas conversas, mas especialmente nas manifestações políticas pré-eleições percebe-se considerável descompasso entre as propostas que tratam dos problemas que incomodam o barrense e as que efetivamente são capazes de promover o desenvolvimento do município.
Obviamente, o apelo eleitoral explica parte da enorme diferença, porém na realidade, tão ou mais importante do que resolver as questões do cotidiano são as propostas para desempenhos econômicos que elevem os parâmetros e impulsionem as ambições do município.
É normalmente impossível encontrar manifestações que abordem políticas de crescimento econômico. Essa rotineira omissão passa a falsa impressão de que o barrense somente se interessa pelo presente.
Políticas de desenvolvimento consideram conceitos como os oriundos em Adam Smith nos quais a riqueza das regiões é determinada pela produtividade do trabalho e pela percentagem de população dedicada ao trabalho útil/produtivo.
Exemplos confirmam que a riqueza não ocorre naturalmente, mas é consequência direta do trabalho útil/produtivo. Japão e Coreia não são desenvolvidos porque possuem abundantes recursos naturais, da mesma forma que o Brasil não é subdesenvolvido porque não tem recursos naturais. Há, na equação, um insubstituível componente cultural.
Mário Henrique Simonsen, em passado não muito distante, ao avaliar a divisão de trabalho no Brasil afirmou, com propriedade, que um terço da população brasileira produzia bens e serviços, outro um terço da população se apropriava do produto gerado pelo primeiro um terço da população e o terceiro um terço da população defendia os interesses dos outros dois terços da população. Análise com carga de ironia, mas de difícil contestação.
Sem dúvida alguma, a riqueza de uma região é fruto do primeiro um terço da população que, no caso barrense, minguou. Consequentemente, a realidade de Barra do Piraí vem se consolidando, há tempos, em uma prioritária necessidade: produzir riqueza.
Adicionalmente, a produção de bens promove distribuição de renda que permite a sustentação do mercado interno e a instalação de um ciclo virtuoso com ampliação do emprego e da massa salarial.
Sintetizando, é senso comum da economia que o desenvolvimento dos municípios começa pela habilidade de produzir bens.
Adam Smith faz falta a Barra do Piraí.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP; Consultor em Relações Institucionais