O HOMEM QUE DESCOBRIU O PLUTÃO!
Por Afonso Celso Candeira Valois, pesquisador aposentado da Embrapa.
Ao longo da minha vida profissional ocorreram inúmeros fatos inusitados, que talvez possam servir de aprendizagem aos nobres leitores, como o que se segue.
Em 1989 fui liberado pela Embrapa para o treinamento de pós-doutorado nos Estados Unidos da América do Norte, na Universidade do Estado do Novo México (NMSU), localizada em Las Cruces (NM), sobre biotecnologia agrícola e recursos genéticos e melhoramento genético de plantas. Aliás, essa excelente Universidade possuía na época, o maior campus entre todas as universidades norte-americanas.
Além dos meus competentes orientadores, eu tinha um privilegiado contato quase que diário com um nobre professor já idoso e humilde, característica dos iluminados seres humanos de destaque. A porta da sala de trabalho desse eminente desse reconhecido mestre ficava bem em frente à sala que eu ocupava em um dos prédios do Departamento de Biologia daquela Universidade.
Essa pessoa referida acima era o consagrado Professor Dr. Clyde William Tombaugh, simplesmente o “descobridor do Planeta Plutão”, cuja grande Façanha foi conseguida em 13/03/1930 pela comparação de chapas fotográficas.
Antes, em 1915, os astrônomos, também norte-americanos Percival Lowell e William Pickring determinaram por meio de cálculos matemáticos, a existência de um muito distante Planeta além de Urano e Netuno, que exatamente era o Plutão, o que foi confirmado 15 anos depois pela fantástica descoberta efetuada pelo Professor Tombaugh. Devido a esse e outros feitos, o brilhante e diferenciado Professor recebeu justas homenagens de diversas universidades norte-americanas, dentre elas, a distinção de Professor Emérito da NMSU.
Certa vez, dentro da humildade peculiar das pessoas brilhantes, esse Professor quis saber sobre as pesquisas que eu estava realizando na Universidade. Então, eu o levei a casa-de-vegetação onde estavam as plantas de tomate, jurubeba e cubiu, das quais eu estava extraindo protoplastos para a obtenção de cibridos, para os estudos de resistência à bactéria Ralstonia solanacearum, terrível condicionante do cultivo do tomateiro, especialmente nas condições ecológicas da Amazônia. O ilustre Professor achou essa pesquisa muito interessante é imprescindível. Eu o agradeci piamente.
O Professor Tombaugh nasceu em 04/02/1906 na cidade de Streator, Illinois (EUA), mas infelizmente faleceu em 19/01/1997, beirando os seus bem vividos 91 anos de idade, em sua residência de Las Cruces.
O Novo México, devido ao seu imenso céu aberto e azul, tem sido bastante utilizado para os estudos de astronomia e lançamentos de foguetes pela NASA, além de ser vibrante e procurado palco para a soltura de balões de diversos tamanhos em competições esportivas, como anualmente são feitas em Albuquerque (NM), cidade relativamente próxima à Las Cruces. Esse cenário foi muito bem aproveitado tecnicamente e cientificamente pelo excelente Professor Tombaugh, para o bem da humanidade. Que Deus o tenha.
* Afonso Celso Candeira Valois. Engenheiro Agrônomo, mestre em Genética e doutor em Genética. Pós-doutorado na Universidade do Estado do Novo México (EUA) em genética e biotecnologia de plantas. Pesquisador aposentado da Embrapa.