POLÍTICA
ARTIGO
BARRA DO PIRAI E O EXPURGO DO CAOS
Assistindo ao vídeo onde Alexandre Garcia compara atributos de uma região com atributos do povo que a habita, e o faz baseado em fatos concretos e conhecidos, vieram à mente reflexões sobre o que levou o município de Barra do Piraí a se deteriorar de tal forma, que aproxima da unanimidade a insatisfação da população.
Qualquer profissional (o raciocínio vale para os setores público e privado) sabe que todo caminho necessita de sentido e direção, obtidos pela definição de objetivos e construídos pelo estabelecimento de metas e de ações.
Basta, então, olharmos, com certa concentração para trás, e verificaremos que as últimas gestões municipais não definiram nenhuma meta e nenhum objetivo. Se definiram, ninguém soube.
A desorganização oficial barrense, ao substituir, por período exageradamente longo, a técnica pela política, desembocou na atual calamidade. Todos sabemos que ambas devem caminhar juntas para o desenvolvimento das regiões.
Como consequência, não há serviço público no município com nota azul.
Atenua, mas não inocenta, o fato de o município fazer parte do Estado do Rio de Janeiro, vítima, por longo período, de administrações irresponsáveis e corruptas que destruíram os cofres e os valores da região.
Evoluir nesse ambiente eleva os obstáculos, dificultando enormemente o sucesso nos empreendimentos. Mas não o impossibilita.
Convenhamos, o desastre barrense foi repetidamente anunciado e não é responsabilidade somente da atual administração. Sua riqueza econômica/social vem se arruinando ao longo de décadas (já escrevi sobre isso) e a gestão atual pode se tornar a pá de cal.
Há muito tempo, a cidade de Barra do Piraí está sem saber que futuro a espera. O município não sabe para onde vai. A ausência de planejamento o retira do ambiente competitivo e o deixa isolado e sem perspectiva.
Descontextualizado e dependente do acaso, o município aguarda que as próximas eleições o recoloque, também literalmente, nos trilhos e lhe permita retornar ao jogo econômico/social, em condições de competir.
Não resta dúvida de que o modelo administrativo, usado pelas últimas administrações, está completamente exaurido.
Captação de recursos via governo do estado e legislativo não mais oferece eficiência, além de descartar as melhores práticas.
Opções complementares devem ser buscadas. Utilização de áreas relevantes na economia para obtenção de apoios políticos se revelou predatória ao desenvolvimento. Limitação às fronteiras municipais de determinados serviços cujos custos extrapolam a capacidade financeira do município é condenar ao fracasso todas as tentativas de aprimorá-los. Desdém aos avanços tecnológicos é equívoco fatal.
A gestão municipal necessita se modernizar para ganhar eficiência e restaurar a qualidade dos serviços públicos. Somente uma boa equipe técnica e foco na construção do futuro serão capazes de recuperar a economia barrense e formatar o futuro que Barra do Piraí merece.
Termino com um lembrete ao barrense de bem: O ausente nunca tem razão.
Luiz Bittencourt – Eng. Metalúrgico/UFF; M. of Eng./McGill University/Montreal/Canadá; Pós-graduado em Comércio Exterior/Universidade Mackenzie/SP.