BENEFICIÁRIOS DO BOLSA FAMÍLIA ULTRAPASSAM EM 17% O NÚMERO DE CARTEIRAS ASSINADAS, NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE
Estudos recentes revelaram crescente desestímulo à busca por emprego após sucessivos aumentos do valor do Programa Bolsa Família. A queda de 63,4% (em 2020) para 62,1% de pessoas empregadas ou tentando ser contratadas mostra que há mais pessoas sem trabalhar e sem buscar empregos do que no período imediatamente anterior a pandemia. Tendência que apresenta maior potencial nas regiões Norte e Nordeste.
A responsabilidade por 19% do PIB nacional levou as regiões Norte e Nordeste, mesmo abrigando somente 35% da população, a participarem com mais da metade (58%) dos beneficiários do Programa Bolsa Família e com somente 22% das carteiras assinadas no país.
Regiões | População % | PIB % | Carteiras Assinadas % | Bolsa Família % |
Sudeste, Sul e Centro-Oeste | 65% | 81% | 78% | 42% |
Norte e Nordeste | 35% | 19% | 22% | 58% |
Fonte: CAGED
Todos os estados em que os beneficiários do Programa Bolsa Família ultrapassaram as carteiras assinadas estão localizados nas regiões Norte e Nordeste, sendo que nessas duas regiões o Bolsa Família representou 117% das carteiras assinadas. Dentre os doze estados que apresentaram essa tendência, os mais elevados resultados ocorreram no Maranhão e em Roraima com quase o dobro (186%), seguidos do Piauí com 164%.
Do outro lado da equação, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, ao se responsabilizarem por 81% do PIB nacional e abrigando 65% da população, participam com 78% das carteiras assinadas e com 42% dos beneficiários do Programa Bolsa Família, resultado ainda ameaçador.
Nessas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, Santa Catarina apresenta o melhor resultado, com os beneficiários do Programa Bolsa Família representando somente 9% das carteiras assinadas no estado, enquanto encontra-se no Estado do Rio Janeiro a mais alta relação, na faixa de 43%. Performance que compromete a região.
O resultado consolidado apresenta o Brasil com os beneficiários do Programa Bolsa Família representando quase a metade (44%) do total de carteiras assinadas, sinalizando desempenho preocupante para a sustentabilidade fiscal.
As performances, em geral, mostram um evidente desequilíbrio econômico-social, em que pese as representações políticas das regiões Norte e Nordeste alcançarem 42% na Câmara dos Deputados e 59% no Senado Federal.
Cenário, não resta dúvida, preocupante pelos elevados riscos de desestímulo ao trabalho formal, como claramente identificado; de estímulo à dependência estrutural que pressiona as contas públicas e de distorção das políticas públicas pela politização dos programas com fins eleitorais, culminando em deficiência na capacidade de gerar riqueza.
A tendência identificada desfavorece perspectivas e sugere a necessidade de políticas de reversão pelo aumento da taxa de participação, que exprime o percentual de pessoas que trabalham ou buscam emprego.

SUGESTÃO DE LEITURA: https://revistadiaria.com.br/artigos-e-opiniao/a-deformada-representatividade-brasileira/