Estamos a 17 meses das eleições municipais – evento que estabelece a estrutura política do País, no formato de uma pirâmide cuja base é composta pelos municípios, com seus 58.208 vereadores e 5.472 prefeitos.
É no município onde de fato mora o cidadão e onde se inicia a atuação da maior parte dos políticos que chegam aos cargos mais altos da nação.
O estado de Minas é o que possui maior número de municípios, 853, sendo que em 25% destes as despesas são maiores do que a receita e 211 têm menos de 5.000 habitantes. Um estado que exige bons gestores, mas nem sempre isso acontece.
No meio dessa pirâmide estão os 27 estados da Federação, com suas Assembleias Legislativas e governos, para os quais a eleição será daqui a quatro anos. No ápice estão o Congresso e a presidência da República – e toda essa estrutura depende do voto do brasileiro.
Na maioria das pesquisas o índice de insatisfação em relação a essa classe vem crescendo, por diversos motivos. Os dois mais visíveis são má gestão da coisa pública e corrupção, pois muitos dos eleitos defendem apenas seus interesses ou os de pequenos grupos. Incontáveis eleitores não se sentem mais representados.
A quantidade de renovações tem sido alta nos três estágios dessa pirâmide, há alguns anos. Boa porção desses cargos advém das oligarquias locais, que se perpetuam no poder. A renovação não melhorou a qualidade da classe política, porque são meras trocas de cadeiras: ocorre normalmente um rodízio entre grupos locais.
Há possibilidade de mudanças, em razão de as redes sociais conferirem mais transparência e vozes à população, porém, ainda existe um grande obstáculo: o controle das estruturas partidárias e das legislações pelos atuais ocupantes dos cargos.
É valioso que os setores organizados dos municípios criem campanhas educativas sobre o voto consciente e apoiem candidatos preparados, idealistas. Além disso, é necessário observar que, para se candidatar, o cidadão deve ter o domicílio eleitoral na cidade onde pretende concorrer, até um ano antes das eleições, e estar filiado a um partido.
Muitos que irão concorrer já estão em campanha, como pré-candidatos. Fundamental que o eleitor comece a analisar o passado destes, para daqui a 17 meses fazer uma boa escolha. A qualidade de uma cidade e do País depende das eleições municipais, como já mencionado, onde tudo começa. Importante escolher um candidato que tenha competência e coragem para representar a sua cidade.
Hélio Mendes: Consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, em Brasília.