Alto desempenho depende do grau de felicidade dos funcionários. Salários e tecnologia não garantem bons ambientes e alta produtividade sustentável. Poucas empresas se preocupam em criar um ambiente no qual as pessoas se sintam felizes.
Por Hélio Mendes
Em 2013, quando secretário de meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG, constituímos uma boa equipe que, para muitos no momento, pareceu de sonhadores.
Buscamos informações sobre o tema “felicidade” e encontramos o FIB – Índice de Felicidade Interna Bruta, um dos projetos da ONU, que teve origem em um pequeno país, o Butão, situado no extremo leste do Himalaia, na Ásia.
Nesse pequenino local, pobre, mas feliz, as políticas públicas não são elaboradas tendo como referência o PIB – Produto Interno Bruto, como ocorre maioria dos países, inclusive no Brasil. Lá utilizam o FIB – Índice de Felicidade Interna Bruta.
Essa boa prática está crescendo, já sendo adotada na França, no Canadá e no Reino Unido.
Considerando esse indicador, com apoio do Tribanco – banco do Grupo Martins, começamos um trabalho pioneiro na área pública em Minas. Para embasar o projeto, fizemos dois pilotos: no bairro Luizote de Freitas e no distrito de Cruzeiro dos Peixotos, da cidade de Uberlândia.
As informações surpreenderam a todos, pelo grau de bondade e humanização dos moradores e pelas respostas sobre o que os motivava a ser felizes e suas demandas para incrementar a felicidade.
Segundo os dados coletados, a felicidade não depende de grandes investimentos, estando presente em elementos como a ida à feira, a importância da família e da vizinhança – atributos invisíveis para o Poder Público.
Começamos a implantar algo nesse sentido também na secretaria: criamos uma metodologia diferente e simples, iniciando com uma pesquisa interna contendo duas questões – o que contribuía para a felicidade no ambiente e o que fazia a atmosfera não ser agradável.
Também novas surpresas!
Fatores como volume de vozes, interrupções desnecessárias no trabalho, assuntos fora do contexto, nível de educação, arrumação e limpeza, como mostra o gráfico.
Elaboramos uma matriz e realizamos um monitoramento, e o ambiente mudou para melhor. Esse foi considerado um dos projetos do Planejamento Estratégico da secretaria.
Após a nossa saída, foi interrompido, infelizmente, prática normal na atividade pública. Mas é algo que todas as cidades e empresas deveriam implantar.
Para que aconteça, são necessárias uma mudança de mentalidade, uma transformação cultural, uma visão de longo prazo. O FIB traz grandes benefícios econômicos e, para os esquecidos seres humanos, o atributo mais importante: a felicidade.