SAÚDE
O que é a ‘síndrome da cabeça explosiva’, que te faz acordar no susto com barulho imaginário
Você já caiu no sono e foi acordado pelo som de uma bomba explodindo dentro da sua cabeça?
Se já, então você provavelmente já teve a síndrome da cabeça explodindo, um distúrbio do sono misterioso e mal compreendido.
A síndrome da cabeça explosiva (SCE) pertence a uma família de distúrbios do sono conhecidos como parassonias.
Um episódio típico é caracterizado pela experiência de um ruído alto, abrupto, ou uma sensação de explosão dentro da cabeça durante a transição do estado de vigília para o sono.
Os sons ouvidos durante a SCE são variáveis e incluem percepções de tiros, portas batendo ou gritos indefinidos. Vale ressaltar que os sons são sempre curtos (alguns segundos ou menos), muito altos e sem nenhuma fonte externa no ambiente.
Algumas pessoas experimentam também breves alucinações visuais, como flashes brilhantes. Outros também relataram sensações de calor intenso ou a sensação de carga elétrica fluindo pela parte superior do corpo.
Um estudo inicial descobriu que 11% dos adultos saudáveis sofreram de SCE, enquanto outro, conduzido com estudantes de graduação, descobriu que 17% dos participantes tinham tido vários episódios ao longo da vida. No meu estudo mais recente, também com estudantes de graduação, meus colegas e eu descobrimos que um terço da nossa amostra teve pelo menos um episódio de SCE ao longo da vida, com cerca de 6% tendo pelo menos um episódio por mês.
O que esses estudos mostram é que a SCE é uma experiência relativamente comum, pelo menos em adultos jovens. No entanto, parece ser menos comum do que outras parassonias, como espasmos hipnóticos, que ocorrem em até 70% das pessoas.
A causa exata da SCE é desconhecida. Embora muitas teorias tenham sido apresentadas, a mais popular está relacionada aos processos cerebrais naturais da transição da fase de vigília para o sono.
Em uma noite típica, quando fazemos essa transição, a atividade dentro da formação reticular do cérebro é reduzida.
A formação reticular é um conjunto de estruturas cerebrais localizadas principalmente no tronco cerebral e no hipotálamo, que atua como um interruptor “liga-desliga” do cérebro.
À medida que a atividade reticular diminui na transição para o sono, nossos córtices sensoriais que governam a visão, o som e o movimento motor começam a desligar.
Sugeriu-se que a experiência de SCE se deve a uma interrupção nesse processo normal de desligamento, o que dá origem a um surto atrasado e desconexo de ativação neuronal para redes sensoriais na ausência de quaisquer estímulos externos. Esses breves surtos de ativação são então percebidos como os sons altos e indefinidos que caracterizam a SCE.
Embora a base neural exata da SCE permaneça especulativa, estamos começando a aprender mais sobre outros fatores que aumentam a probabilidade de um episódio de SCE acontecer.
Em um dos primeiros estudos a analisar fatores associados, meus colegas e eu descobrimos que variáveis de bem-estar, como estresse, estavam associadas à experiência de SCE.
Essa relação era mediada por sintomas de insônia. Em outras palavras, o estresse da vida não se relacionava diretamente com a SCE, mas estava relacionado indiretamente por meio da interrupção inicial dos padrões normais de sono.
A SCE é perigosa?