No artigo anterior, cujo título foi “Planejamento Estratégico de cidades”, tratamos de forma ampla a metodologia que customizamos para cada município. Neste, vamos detalhar o tema um pouco mais.
O planejamento de uma cidade deve ter quatro pilares: gestão, boa matriz econômica, design urbano voltado para a qualidade de vida e comunicação voltada para a educação.
A visão – onde está e aonde quer chegar –, a missão e os valores das equipes, os objetivos estruturadores e as metas serão sustentados por estes quatro pilares.
O primeiro pilar – gestão: é o principal e depende de um bom líder e uma boa equipe. Entretanto, não é habitual vê-los atuando, em razão de acordos políticos, baixos salários e falta de comprometimento dos moradores.
O segundo pilar – matriz econômica: não se faz nada sem receita. Na maioria dos médios e pequenos municípios, há apenas uma cadeia produtiva. Exemplo: na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em Minas Gerais, várias localidades têm o café como principal fonte de renda. Quando este entra em crise, os habitantes sofrem.
É necessário fomentar novas cadeias produtivas. Além disso, nas grandes cidades não há integração entre os setores produtivos.
O terceiro pilar – design urbano: a falta de planejamento urbano penaliza o cidadão e o meio ambiente. As cidades crescem de forma desordenada, gerando um custo alto para se manter e comprometendo o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.
O quarto pilar – comunicação: não há boa gestão sem uma boa comunicação. Boa parte do que se realiza nesse sentido é de má qualidade e desfocada. A comunicação deve acontecer de forma pedagógica, dando ênfase à construção de um processo civilizatório avançado, uma modelagem que leve as pessoas a serem felizes.
Jaime Lerner, um dos maiores arquitetos e urbanistas que o País já teve, dizia: “O Brasil vai mudar quando suas cidades mudarem”. Sua equipe assessorou a elaboração do primeiro Plano Diretor de Uberlândia, mas este não foi executado de forma plena.
O desafio de ter uma cidade bem estruturada, onde as pessoas se considerem felizes, não pode ser responsabilidade apenas dos eleitos. Depende de os moradores se sentirem donos e que todos zelem pelas praças, pela limpeza pública, não perturbem o silêncio, cuidem do meio ambiente, não joguem lixo nas ruas ou nos terrenos vazios, sejam solidários, tendo a cidade como uma extensão de sua casa e de suas vidas.
Hélio Mendes ∴ Consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG – Professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG
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